Por Yuka Obayashi e Ritsuko Shimizu
TÓQUIO (Reuters) - Uma demanda global forte ajudou a amortecer o impacto das tarifas de importação dos Estados Unidos na Nippon Steel, mas o principal siderúrgico japonês continua preocupado que as barreiras comerciais dos EUA podem levar a um excesso de produtos na Ásia, com um mercado muito maior.
O Japão está entre os 10 maiores exportadores de aço para os Estados Unidos, que em março passou a cobrar uma tarifa de 25 por cento sobre produtos de aço, com o objetivo de reduzir compras da China.
"Não houve grande impacto das tarifas dos EUA graças a uma sólida demanda global", disse à Reuters em entrevista na semana passada o vice-presidente executivo da Nippon Steel, Katsuhiro Miyamoto.
A Nippon Steel, cujos carregamentos para os EUA representam 4 por cento de suas exportações totais, viu mais de 90 por cento de seus clientes mantendo a compra de seus produtos mesmo depois que as tarifas foram impostas, por serem produtos especializados como trilhos e canos longos, disse Miyamoto.
As subsidiárias da Nippon Steel nos EUA que possuem capacidade de produção combinada de 7,1 milhões de toneladas estão se beneficiando dos preços mais altos, ele acrescentou.
"Mas estamos observando de perto para onde estão indo os produtos que foram barrados dos Estados Unidos, já que eles podem prejudicar o mercado asiático se vierem para esta área", disse ele. Cerca de 70 por cento das exportações da Nippon Steel vão para a Ásia.
As pesadas tarifas dos EUA sobre o aço poderiam transformar o sudeste da Ásia no novo posto de caça para exportadores globais encontrarem compradores, dizem representantes da indústria e operadores, criando um excesso que poderia reduzir preços e levar alguns produtores à falência.
Por agora, Miyamoto está otimista sobre a demanda por aço na Ásia.
"A demanda do Japão em construção e automóveis é sólida. Na China, os gastos dos consumidores também estão fortes e há vários projetos de infraestrutura como metrôs e apartamentos próximos às estações", disse ele.
Dada a perspectiva de uma demanda saudável e seus gastos atuais para modernizar unidades mais antigas, a Nippon Steel planeja elevar sua produção de aço bruto para mais de 42,6 milhões de toneladas no corrente ano até março de 2019, ante 40,67 milhões de toneladas há um ano.
A companhia também busca melhorar margens aumentando preços de produtos para ajudar na absorção de custos em alta de materiais auxiliares, como manganês e zinco, e despesas de distribuição, disse Miyamoto.
O fabricante não fornece uma previsão de resultados. Uma pesquisa Thomson Reuters com 13 analistas prevê um lucro recorrente médio de 351 bilhões de ienes para o ano atual, contra 297,5 bilhões de ienes no ano passado.
($1 = 110.8300 ienes)
(Por Yuka Obayashi e Ritsuko Shimizu)