Por Mei Mei Chu
KUALA LUMPUR (Reuters) - A confeitaria italiana Ferrero disse que vai parar de comprar óleo de palma da Sime Darby Plantation após os Estados Unidos terem descoberto que a produtora malaia usava trabalho análogo à escravidão, o que abalou a reputação da produtora de óleo de palma e da Malásia.
As práticas trabalhistas do país do sudeste asiático foram examinadas nos últimos dois anos, com autoridades alfandegárias dos EUA banindo seis empresas, incluindo a Sime Darby U.S., devido a alegações de trabalho análogo à escravidão.
O óleo de palma, que é o óleo vegetal mais usado, é um ingrediente essencial dos chocolates Ferrero Rocher e da Nutella, conferindo aos produtos sua icônica textura cremosa e vida útil.
"No dia 6 de abril nós pedimos a todos os nossos fornecedores que parem de fornecer óleo de palma e de palmiste para a Ferrero que venha indiretamente da Sime Darby até a segunda ordem", disse a Ferrero à Reuters por email.
"A Ferrero vai cumprir a decisão das autoridades de Alfândega e Proteção de Fronteira dos Estados Unidos", disse.
Embora a Ferrero compre relativamente pouco óleo comestível da Sime Darby, sua decisão --que segue medidas similares adotadas por Cargill Inc, Hershey Co e General Mills (NYSE:GIS) Inc-- poderia impactar a posição da Sime Darby como líder na produção de óleo de palma sustentável.
A Sime Darby disse à Reuters que adotou medidas na área de direitos humanos e que todos os seus stakeholders que estão comprometidos com a sustentabilidade podem ficar tranquilos quanto a seu compromisso e liderança no setor. A empresa também acrescentou que a Ferrero não é sua cliente.
"Também nos comunicamos regularmente com todos os principais stakeholders, principalmente clientes que têm seus próprios compromissos", disse.
As ações da Sime Darby caíram 4% na tarde de sexta-feira, uma performance pior que a do principal índice acionário da Malásia, que caiu 0,3%.
"É essencial que a Sime aja rápido para aliviar quaisquer preocupações envolvendo a saída destes clientes de destaque", disse Ivy Ng, líder regional de pesquisas sobre plantations da CGS-CIMB Research, acrescentando que outros clientes também poderiam suspender as compras se as preocupações trabalhistas se prolongarem.
Em resposta a um questionamento da Reuters para confirmar se seus fornecedores receberam o pedido para deixar de comprar da Sime Darby, a Ferrero disse que não compra diretamente da empresa malaia, que supre 0,25% de seus volumes de óleo de palma.