Por Sybille de La Hamaide
PARIS (Reuters) - A fabricante de açúcar Ouvre interrompeu suas operações devido a problemas técnicos e financeiros e solicitou aos agricultores que vendam suas beterrabas para a produtora maior, a Cristal Union, segundo cartas vistas pela Reuters, marcando o sexto fechamento de uma usina francesa nos últimos anos.
A França é o maior produtor de açúcar da União Europeia, mas uma série de colheitas ruins, causadas por condições climáticas adversas e doenças, tem dissuadido alguns agricultores de cultivar beterrabas, reduzindo o fornecimento para os fabricantes de açúcar.
Mais recentemente, uma queda nos preços do açúcar afetou os lucros.
A Ouvre, de propriedade familiar, que opera uma usina de açúcar localizada em Souppes-sur-Loing, ao sul de Paris, com uma produção de cerca de 60.000 toneladas métricas de açúcar por ano, disse em uma carta na sexta-feira que problemas técnicos e danos não especificados a forçaram a interromper a produção no início da temporada.
Ela pediu à Cristal Union, a segunda maior produtora da França, que possui várias refinarias de açúcar na região, para processar a beterraba colhida por seus fornecedores em 2024/25.
"Hoje temos que aceitar: a retomada da fábrica de açúcar não pode ser razoavelmente assegurada neste momento", disse Ouvre em sua carta aos agricultores, acrescentando que havia chegado a um acordo com a Cristal Union para a próxima campanha.
A Cristal Union disse em uma carta separada aos seus cooperados que o acordo permitiria que os agricultores da Ouvre entregassem suas beterrabas para processamento "a partir da campanha de 2025".
Uma fonte do setor, falando sob condição de anonimato, disse que era improvável que a usina fosse retomada após dois anos sem produção.
A Ouvre não respondeu imediatamente a um pedido de comentário e a Cristal Union se recusou a comentar.
QUEDA NOS PREÇOS
A paralisação da Ouvre coincide com uma redução esperada na produção de açúcar em toda a França na próxima temporada e uma queda nos preços do açúcar.
Os preços do açúcar na Europa caíram 30% no ano até novembro, atingindo o valor mais baixo em dois anos, de 599 euros por tonelada, de acordo com os últimos dados disponíveis. Os preços globais do açúcar foram negociados perto das mínimas de três anos na terça-feira.
A Saint-Louis Sucre, filial francesa da maior fabricante de açúcar da Europa, a Suedzucker, informou a seus membros em 24 de dezembro que reduziria a área para a safra de 2025 em 15% devido aos preços mais baixos do açúcar na Europa e às altas importações ucranianas.
Não ficou claro se a fábrica da Ouvre seria reaberta após a temporada 2025/26.
Um fechamento permanente faria com que o número de usinas de açúcar na França caísse para 19 de 25 no final da década passada. A Saint Louis Sucre e a Cristal Union fecharam duas e a Tereos fechou uma.
O impacto geral sobre a produção de açúcar da França -- cerca de 4 milhões de toneladas por ano -- provavelmente será mínimo, pois espera-se que a maioria dos agricultores entregue suas beterrabas à Cristal Union ou à Tereos, que também está cortejando os produtores da Ouvre.