GENEBRA (Reuters) - A quantidade de dióxido de carbono na atmosfera atingiu um novo recorde no ano passado, e as emissões não dão sinais de diminuição, alertou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) nesta quinta-feira.
O Boletim sobre Gases do Efeito Estufa, que é divulgado anualmente, acabou com as esperanças de uma redução das emissões de CO2, o subproduto da queima de combustíveis fósseis que os cientistas dizem ser a principal causa do efeito estufa, causador do aquecimento global.
"A ciência é clara. Sem cortes rápidos de CO2 e outros gases do efeito estufa, a mudança climática terá impactos cada vez mais destruidores e irreversíveis sobre a vida na Terra. Essa janela de oportunidade para a ação está quase fechada", disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, em um comunicado.
O relatório da agência da ONU descobriu níveis de CO2 de 405,5 partes por milhão em 2017, um aumento em relação às 403,3 ppm de 2016.
A taxa de aumento se alinha à taxa de crescimento médio da última década, que foi a mais rápida em 55 milhões de anos, disse a OMM. Os níveis de dióxido de carbono aumentaram 46 por cento desde a era pré-industrial, por volta de 1750.
"O mais alarmante é que... metade do aumento em relação aos tempos pré-industriais veio nos últimos 30 anos", disse Oksana Tarasova, chefe de pesquisa ambiental atmosférica da OMM.
Esperava-se que a elevação fosse muito menor em 2017 porque o ano anterior foi afetado pelas condições climáticas do "El Niño", que normalmente são acompanhadas por uma grande redução no aumento das concentrações de CO2.
As negociações climáticas da ONU na Polônia no mês que vem têm por meta combinar uma série de regras para o Acordo de Paris de 2015 sobre a mudança climática, que estabeleceu o objetivo ambicioso de encerrar a era dos combustíveis fósseis neste século.
A chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, enviou uma carta a todos os Estados dizendo que, pela lei internacional de direitos humanos, eles têm a obrigação legal de evitar a mudança climática e tentar mitigar seus efeitos.
Os Estados Unidos são o único país que anunciou sua intenção de se retirar do Acordo de Paris, e o presidente Donald Trump questionou as evidências científicas que o embasam.
"O aquecimento global é inequívoco", disse a vice-secretária-geral da OMM, Elena Manaenkova. "A mudança climática está provada cientificamente".