Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - A Tul, plataforma colombiana de comércio eletrônico de materiais de construção para pequenos lojistas, anunciou nesta terça-feira que recebeu aporte de 181 milhões de dólares, em preparação para entrar no Brasil e ampliar suas operações no México, as duas maiores economias da América Latina.
O aporte, liderado pelo fundo de capital de risco 8VC, também envolveu a Avenir Growth e avalia o negócio em cerca de 700 milhões de dólares. A startup já tinha entre os sócios os fundos SoftBank, Tiger Global, Lightrock, Coatue, Foundamental, Vine, Marathon Labs e H20.
Criada em março de 2020, na Colômbia, a Tul faz a ponte entre do pequeno varejo de materiais de construção, segmento que segundo ela responde por cerca de 60% das vendas do setor, com fornecedores de produtos incluindo aço, cimento e materiais de acabamento, entre outros.
De fabricantes incluindo nomes como Gerdau (SA:GGBR4), Henkel, Tigre, Bosch e Cemex, a startup compra grandes quantidades de insumos que são armazenados em galpões próprios em grandes metrópoles da América Latina. Além disso, tem uma rede de entregadores terceirizados, num sistema parecido com o usado por outras empresas de entregas por aplicativos, como iFood e Rappi, que também foi criada na Colômbia.
Com isso, promete entrega de encomendas em um apenas um dia. Atualmente, a Tul tem operações em cinco cidades da Colômbia, além de Equador, e no México atua nos mercados de Cidade do México e Guadalajara.
"Vamos ser competitivos em preço, mas o principal atrativo para os lojistas é a conveniência de poder ter suas encomendas entregues rapidamente sem quantia mínima", disse à Reuters Bruno Raposo, principal executivo da Tul no Brasil, mercado onde o pequeno varejo de materiais de construção movimenta cerca de 27 bilhões de dólares por ano, pelas estimativas da startup.
A primeira operação da Tul no Brasil, em São Paulo, deve começar em março, disse o executivo, antes de lançar operações também no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte ainda em 2022, chegando até o fim do ano a 10 mil clientes de uma base total estimada no país de cerca de 150 mil lojistas.
De acordo com Raposo, o serviço gratuito de entregas rápidas é apenas a primeira etapa de um modelo de negócios que mais adiante deve evoluir para um marketpace com ofertas de terceiros, além de incluir serviços financeiros próprios e aluguel de ferramentas, entre outros.
O anúncio ocorre no momento em que a setor imobiliário no Brasil enfrenta um rápido esfriamento devido à elevação da taxa básica de juros pelo Banco Central, de 2% para 9,25% ao ano nos últimos 12 meses para combater a persistente inflação.
Para Raposo, no entanto, esse cenário não deve ter grande impacto sobre o pequeno varejo de materiais de construção.
"Esse segmento praticamente não depende de financiamento", afirmou.