Por Howard Schneider e Michael Flaherty
WASHINGTON (Reuters) - A chair do Federal Reserve, Janet Yellen, resistiu nesta quarta-feira a pedidos por mais intervenção e supervisão parlamentar no banco central dos Estados Unidos, enquanto membros de um painel da Câmara dos Deputados dos EUA criticavam a falta de prestação de contas dela e de outras autoridades.
Um parlamentar republicano também continuou seu ataque acerca da resposta do Fed a um vazamento de informações em 2012, dizendo que Yellen e o banco central falharam em responder de maneira apropriada.
Em seu depoimento semianual ao Congresso, Yellen detalhou o fluxo de informações do Fed aos mercados financeiros e seus cronogramas de entrevistas à imprensa e auditorias como prova de que o banco central pratica um alto nível de transparência.
Yellen resistiu a pedidos dos parlamentares para seguir uma regra única de política monetária em vez de usar seu próprio critério.
"Acredito que precisamos de uma política sistemática. Mas resistirei fortemente a concordar em seguir qualquer regra na qual a postura de política monetária depende apenas das leituras atuais de duas variáveis econômicas, que é do que sua regra de referência depende", afirmou Yellen.
O deputado Sean Duffy, do partido republicano por Winsconsin, não mediu palavras durante o depoimento de Yellen, acusando o Fed de deliberadamente varrer para baixo do tapete uma investigação sobre o vazamento em 2012 de informações sensíveis ao mercado para um boletim financeiro privado.
O deputado pelo Texas Jeb Hensarling, presidente republicano do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, exigiu que o Fed seja mais previsível e implorou que coopere com a investigação.
"O Fed não está acima da lei", disse Hensarling durante suas falas iniciais.
As falas de abertura do deputado vieram em sequência ao depoimento de Yellen, que disse que o Fed continua na trajetória para elevar a taxa de juros neste ano, com a expectativa de que os mercados de trabalho melhorem firmemente e que as turbulências externas não devem tirar a economia dos Estados Unidos dos trilhos.
Os mercados financeiros não reagiram às declarações de Yellen.
"Foi basicamente uma extensão do discurso dela feito na sexta-feira", disse o economista-chefe para EUA da RBC Capital Markets, Tom Porcelli, em referência às declarações de Yellen em Cleveland, quando ela disse que o banco central espera elevar a taxa de juros em algum momento neste ano.
O depoimento em grande parte seguiu também o comunicado mais recente de política monetária do comitê de decisão do Fed em junho.
TRANSPARÊNCIA
A parte sobre transparência do depoimento de Yellen foi sem dúvida um esforço para rebater perguntas duras dos integrantes do painel da Câmara. Yellen discutiu com Hensarling e outros quando ela fez seu último depoimento em fevereiro.
Em maio, Hersarling fez uma intimação por documentos e comunicações do Fed relacionados ao vazamento em 2012. Ele afirmou que o banco central falhou em atender às solicitações do painel de documentação em ligação ao vazamento.
Yellen disse que o Fed recusou-se a enviar as informações pois um inquérito separado do Departamento de Justiça está em andamento.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5644 7729)) REUTERS RF CMO