Por Leandro Manzoni
Investing.com - O Ibovespa seguiu a tendência dos índices americanos e minimizou levemente o derretimento na sessão desta quinta-feira (12) após uma manhã turbulenta nas negociações, quando dois circuit breakers foram acionados com quedas de dois dígitos registradas. No período da tarde, o clima de aversão a risco foi minimamente atenuado após o Federal Reserve de Nova York anunciar retomada do programa de recompra de ativos de curto prazo no mercado monetário, injetando liquidez no mercado.
O principal índice acionário brasileiro chegou a cair 19% antes de registrar perdas de 14,65% a 72.693,28 pontos às 14h39. Em Wall Street, o índice Dow Jones perdia 1.456 pontos ou 6,18%, enquanto S&P 500 tinha queda de 5,93% e Nasdaq perdia 5,66%.
Já a valorização do dólar em relação ao real perdeu o ímpeto após o anúncio do Fed. A moeda americana rompeu a barreira psicológica dos R$ 5 na abertura, e oscilou entre R$ 4,85 e R$ 4,90 após duas intervenções do Banco Central no mercado à vista. A retomada de recompra de ativos pelo Fed levou o dólar a ser negociado a mínima de R$ 4,767, mas retomou ao patamar dos R$ 4,80, ao ser negociado com alta de 0,51% a R$ 4,8383.
O Federal Reserve anunciou que vai injetar US$ 1 trilhão em liquidez por meio de duas operações de recompra reversa de títulos hoje e amanhã. A primeira operação vai oferecer US$ 500 bilhões em operações repo de três meses. Amanhã serão outros US$ 500 bilhões, mas em operações de um mês. Para acomodar o volume de oferta de liquidez, vários tipos de títulos poderão ser comprados.
Turbulência matinal
O catalisador para as perdas dos índices globais foi a decisão do presidente dos EUA Donald Trump de suspender por 30 dias as viagens da Europa aos EUA, na noite de ontem, sem detalhar medidas de contenção à disseminação de coronavírus pelo país. Em um discurso de 10 minutos na Casa Branca, Trump anunciou medidas fiscais para garantir liquidez às pequenas e médias empresas e às famílias americanas, algo esperado pelo mercado durante o pregão de quarta-feira.
No entanto, o anúncio de suspender viagens da Europa aos EUA por 30 dias contribui para perspectiva de recessão global nos próximos trimestres, após a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou o surto de coronavírus como pandemia.
A decisão se refletiu no preço do petróleo. A perspectiva de queda acentuada da demanda pela commodity após anúncio de Trump contribui para as perdas. No lado da oferta, o aumento do estoque nos EUA e o anúncio de Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos de elevar capacidade de produção exacerbam a expectativa de o mundo se inundar de petróleo. Além disso, a ausência dos sauditas em uma reunião técnica no grupo Opep+ - que congrega membros da Opep e não-membros liderados pela Rússia - dissipou a esperança de uma reaproximação entre sauditas e russos por um novo acordo de corte de oferta.
Petróleo
O anúncio de retomada do programa de recompra de ativos pelo Fed também impactou positivamente o mercado de petróleo. O contrato futuro WTI perdia 5,52% a US$ 31,12 por barril, após atingir mínimas intradiárias de US$ 30,02, enquanto o Brent tinha perdas de 7,94% a US$ 32,97, após mínima de US$ 32,52 no dia.
Com isso, as ações da Petrobras despencam. Os papéis preferenciais (SA:PETR4) perdiam 16,4% a R$ 13,25, após atingir perdas de 30% a R$ 11,08. Já os papéis ordinários registravam queda de 23,95% a R$ 12,45, com a mínima intradiária a R$ 11,63.
Maiores quedas
- Gol (SA:GOLL4): -33,87% a R$ 10,35
- CVC (SA:CVCB3): -30,72% a R$ 13,33
- Eletrobras (SA:ELET3): -28,63% a R$ 22,05
- Braskem (SA:BRKM5): -27,86% a R$ 22,10
- Azul (SA:AZUL4): -27,8% a R$ 21,84