Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O tom negativo voltava a prevalecer na bolsa paulista nesta sexta-feira, ainda sob efeito da aversão a risco em razão da propagação do novo coronavírus e seu potencial impacto na economia global, com o Ibovespa caminhando para a maior perda semanal desde a crise financeira global.
Às 11:39, o Ibovespa caía 1,49%, a 101.448,17 pontos. O volume financeiro somava 6,87 bilhões de reais.
Até o momento, o Ibovespa acumula uma queda de 10% na semana, mais curta em razão do Carnaval. Se confirmada, será a maior desvalorização semanal desde o último trimestre de 2008, ano marcado pela crise financeira global. No mês, a queda alcança cerca de 11%.
A equipe da Guide Investimentos destacou que o mercado local segue registrando correções na esteira do exterior, onde novos casos na Califórnia e declaração de estado de emergência no Japão intensificam pressão.
"Mercados se preparam para mais um dia de quedas fortes, com investidores buscando reduzir o risco para o fim de semana", afirmou em nota a clientes.
O pânico relativo ao coronavírus já provocou um estrago de 5 trilhões de dólares nos mercados globais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse nesta sexta-feira que o surto de coronavírus "está aumentando", depois que a Nigéria confirmou o primeiro caso da doença na África subsaariana, reiterando o alerta de que o vírus pode atingir a maioria dos países, se não todos.
Citando conversas com investidores durante os últimos dias, equipe do Credit Suisse disse em nota distribuída a clientes pela corretora do banco que, depois da piora no fechamento de Wall Street na véspera, começou a perceber maior preocupação por parte dos locais.
No Brasil, o Ministério da Economia deve revisar a previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 devido aos efeitos do surto de coronavírus no mundo e no Brasil, de acordo com o jornal Estado de S.Paulo nesta sexta-feira.
O secretário especial da Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, disse que o efeito do coronavírus sobre a economia brasileira é mais direto e liquidamente negativo do que escalada do dólar.
DESTAQUES
- IRB BRASIL ON (SA:IRBR3) recuava 4%, após forte valorização na véspera, em meio a ruídos envolvendo o comando da resseguradora. No mês, marcado por questionamentos sobre os resultados da empresa e o preço de suas ações, bem como divulgação de balanço de 2019, o papel acumula perda de mais de 25%.
- VIA VAREJO ON perdia 6% e MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3) caía 3,5%, pressionada pelas perspectivas de menor crescimento no país, uma vez que o setor vinha encontrando apoio no cenário de retomada da atividade brasileira. Dados também mostraram aumento no desemprego do país em janeiro sobre dezembro.
- GOL (SA:GOLL4) PN e AZUL PN (SA:AZUL4) cediam 3,2% e 2,5%, ainda afetadas pelas preocupações sobre a demanda de viagens em razão da disseminação global do coronavírus, com empresas aéreas europeias já alertando sobre lucros e demanda menores. O setor aéreo locam ainda é enfraquecido pela alta do dólar ante o real, para níveis recordes. CVC (SA:CVCB3) BRASIL ON perdia 2,3%.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) recuavam 0,2% e 0,8%, respectivamente, acompanhando a queda dos preços do petróleo no mercado internacional.
- VALE ON (SA:VALE3) tinha queda de 0,7%, com os contratos futuros de minério de ferro na China ampliando as perdas nesta sexta-feira para marcar sua primeira queda mensal desde outubro, com o rápido crescimento do coronavírus alimentando os temores de uma recessão global.
- ITAÚ UNIBANCO PN tinha variação positiva de 0,7%, enquanto BRADESCO PN (SA:BBDC4) subia 0,3%. BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) perdia 0,8% e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) cedia 0,5%. BTG PACTUAL (SA:BPAC11) UNIT desvalorizava-se 3%.