Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira pelo segundo pregão seguido, após nova pesquisa mostrar o candidato Jair Bolsonaro (PSL) ampliando a liderança na corrida presidencial, mas se afastou das máximas do começo da sessão, quando superou 85 mil pontos, com agentes financeiros embolsando lucros à espera de nova sondagem sobre a preferência dos eleitores.
O índice de referência do mercado acionário brasileiro subiu 2,04 por cento, a 83.273,40 pontos. Na máxima, disparou 4,69 por cento, a 85.441,79 pontos. Em dois dias, o Ibovespa acumulou acréscimo de 5,91 por cento.
O volume financeiro no pregão somou 22,36 bilhões de reais. O giro recorde, de 17 de dezembro de 2014, foi de 44 bilhões de reais, em sessão marcada por vencimento de opções. Excluindo-se o exercício, o volume no mercado à vista naquela data somou 26 bilhões de reais, também máxima histórica.
Pesquisa Datafolha divulgada na noite de terça-feira mostrou Bolsonaro com 32 por cento das intenções de voto, enquanto o candidato do PT, Fernando Haddad, registrou 21 por cento. No levantamento anterior do Datafolha, divulgado na sexta-feira, o presidenciável do PSL tinha 28 por cento e o petista registrava 22 por cento.
O Datafolha também mostrou um salto na rejeição de Haddad. O percentual dos que afirmam que não votariam no petista de jeito nenhum, de acordo com o instituto, é de 41 por cento, ante 32 por cento na sondagem anterior. Bolsonaro ainda segue como o candidato mais rejeitado, mas o percentual passou de 46 para 45 por cento entre as duas apurações.
"O mercado, que até a semana passada trabalhava com uma maior probabilidade de vitória de Bolsonaro, porém apertada, começou a acreditar em uma conquista mais folgada contra o PT, diante da estabilização da candidatura de Haddad e forte crescimento na rejeição ao petista", observou o gestor Joaquim Kokudai, sócio na JPP Capital, em São Paulo.
"O mercado, que estava mais cauteloso, se surpreendeu, o que explica as fortes oscilações na véspera e na manhã desta quarta-feira, disse. "Se assustou quem não tinha posição de Brasil ou estava vendido em Brasil".
Além do sentimento anti-PT, a predileção de agentes financeiros por Bolsonaro encontra respaldo no economista liberal e oriundo do mercado Paulo Guedes, principal conselheiro econômico do candidato do PSL.
Na visão do gestor Frederico Mesnik, sócio-fundador da Trígono Capital, há uma percepção crescente no mercado sobre a possibilidade de Bolsonaro vencer já no primeiro turno e se novas pesquisas continuarem mostrando ele se fortalecendo ainda mais o Ibovespa tende a manter o viés positivo.
"No entanto, as operações na bolsa no momento são de 'tiro curto', com muitos investidores comprando de manhã para vender à tarde. O enfraquecimento do índice mais à tarde refletiu isso: muitos preferiram zerar posições e colocar dinheiro no bolso para esperar por nova pesquisa."
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) saltou 9,07 por cento, um dia após ter disparado mais 11 por cento, capitaneando novamente os ganhos de bancos, que figuram entre os papéis mais suscetíveis a especulações eleitorais. ITAÚ UNIBANCO PN subiu 4,53 por cento, BRADESCO PN (SA:BBDC4) ganhou 4,33 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) avançou 5,07 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) valorizou-se 4,25 por cento, entre as maiores contribuições positivas, uma vez que os papéis da petrolífera de controle estatal também muito sensível ao cenario eleitoral. PETROBRAS ON (SA:PETR3) avançou 2,6 por cento. Mais cedo, no melhor momento da sessão, tais papéis registraram altas de 11,39 e 10,42 por cento, respectivamente. A companhia voltou a deter nesta semana o maior valor de mercado na bolsa paulista, fechado esta sessão avaliada em cerca de 330 bilhões de reais.
- ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) e ELETROBRAS ON (SA:ELET3) subiram 8,64 e 6,53 por cento, respectivamente, também influenciadas por apostas eleitorais, uma vez que a empresa tem controle estatal.
- GOL (SA:GOLL4) PN avançou 6,61 por cento, beneficiada pelo declínio do dólar, que encerrou a sessão em queda pelo terceiro pregão seguido e abaixo de 3,90 reais, uma vez que o câmbio tem forte impacto nos custos da companhia aérea.
- SUZANO caiu 4,46 por cento, com o recuo do dólar ante o real abrindo espaço para realização de lucros nos papéis da fabricante de papel e celulose, que acumula em 2018 alta ao redor de 140 por cento.