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Inflação resistente adiará corte de juros

Publicado 20.05.2016, 16:04
© Reuters.  Inflação resistente adiará corte de juros
ITUB
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Preços de alimento seguem jogando contra meta de inflação (Pixabay)

SÃO PAULO – Com o aperto monetário começando a provocar efeito sobre a inflação resistente, o mercado passou a precificar um corte de juros ainda neste ano no Brasil. A indicação de Ilan Goldfajn para a presidência do Banco Central fez com que as apostas fossem adiantadas, mas isso durou pouco.

Em relatório recente, enquanto ainda liderava a equipe de economia do Itaú Unibanco (SA:ITUB4), Goldfajn apontara que havia espaço para corte da taxa básica de juros no segundo semestre deste ano, caso o ajuste fiscal e a redução da inflação se confirmassem.

As instituições financeiras mais otimistas ouvidas pelo Boletim Focus projetavam corte da Selic dos atuais 14,25% para 13,75% já em junho. No entanto, a inflação não tem dado a folga esperada pelos analistas.

Depois da bem recebida desaceleração de março, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de abril e o resultado parcial de maio superaram as estimativas de economistas.

“A inflação se mostra bastante recalcitrante e não cede”, diz Newton Rosa, economista-chefe da SulAmerica Investimentos, que chama a atenção para o comportamento do IPCA acumulado em 12 meses.

Até a prévia de maio, a inflação acumulava alta de 9,62% em 12 meses, ante 8,24% no mesmo período em 2015, quando o IPCA já contabilizava vários dos reajustes em preços administrados que levaram a inflação a estourar o teto da meta.

“A inflação está muito espalhada, os índices de difusão e os núcleos mostram isso. A inflação corrente está relativamente elevada e isso vai afetar negativamente as expectativas de inflação”, afirma Rosa.

Segundo cálculos da Rosenberg Consultores, a média dos núcleos em 12 meses acelerou de 7,9% para 8,2% em maio, revertendo a tendência de queda dos últimos meses.

“Tal média encontra-se bastante distante do teto do regime de metas de inflação, confirmando a percepção de que a pressão inflacionária do ano passado deve dificultar a desaceleração esperada para inflação ao longo de 2016”, avalia Leonardo Costa, economista da Rosenberg.

A expectativa da Rosenberg e do banco ABC Brasil é que a Selic comece a ser cortada em agosto.

“As perspectivas ainda complexas e incertas de inflação validam e justificam a postura prudente do Banco Central e a orientação de que o nível ainda elevado da inflação e das estimativas para o ano ainda estão distantes da meta de inflação e não oferecem espaço para a flexibilização da política monetária no curto prazo”, avalia Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs.

Maio pesado

A inflação parcial de maio, medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15), mostrou aceleração de 0,51% em abril para 0,86% neste mês. O resultado é o maior para o mês de maio desde 1996 e ficou bem acima da expectativa de 0,77% do mercado.

O grupo alimentos e bebidas passou de 1,35% em abril para 1,03% em maio. Apesar da desaceleração, teve o maior impacto no resultado parcial de maio, de 0,27 ponto percentual.

Outro item que contribuiu para a aceleração da inflação foram os medicamentos, que subiram 6,50% devido ao reajuste anual de 12,50% que entrou em vigor em 1º de abril e foi aprovado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos.

Outro preço administrado mostrou expressivo aumento de preços. As taxas de água e esgoto ficaram, em média, 9,03% mais caras no país neste mês. Com isso, o saneamento básico contribuiu com 0,13 ponto percentual da alta de 0,86% na inflação parcial de maio, no segundo maior impacto individual.

A média nacional foi pressionada pelo forte aumento de 35,93% na região metropolitana de São Paulo após o fim de um programa adotado devido à falta de chuvas que incentivava a redução do consumo de água em troca de descontos.

Além disso, houve reajuste de 8,40% no valor das tarifas em 12 de maio na região metropolitana de São Paulo, que deve mostrar seu impacto maior no resultado cheio do mês de maio.

Somado a outros aumentos, o grupo de administrados (preços estabelecidos por contrato ou órgão público) subiu de 0,16% em abril para 1,45% no resultado parcial de maio. Com isso, a taxa em 12 meses, que vinha desacelerando em ritmo forte, subiu de 10,8% para 11,4%.

“Esses números colaboram para a ideia de que talvez o corte não seja tão grande e não ocorra tão cedo”, afirma Luis Otávio de Souza Leal, economista–chefe do banco ABC Brasil.

Leonardo Costa, da Rosenberg, avalia que o esfriamento esperado para o IPCA esbarra nas elevadas variações dos preços dos alimentos neste segundo trimestre. Os itens alimentícios são ainda impactados pelos resquícios do choque cambial do ano passado, dos efeitos climáticos adversos do El Niño e da sazonalidade desfavorável.

Nos serviços, o reajuste do salário mínimo acima da inflação do ano passado – que deverá passara ser incorporado no IPCA nos itens empregado doméstico e mão de obra – jogam contra a desaceleração dos preços.

“Ainda dentro dos itens livres, o grupo de produtos industrializados sofre mais com o aumento de impostos no começo do ano, sendo este o grupo que sentiria mais a queda da atividade”, pontua Costa.

BC dos EUA

Além da pressão doméstica, a expectativa de aumento de juros nos Estados Unidos também pode manter a Selic em 14,25% por mais algum tempo. Em ata divulgada na última quarta-feira (18), o Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) sinalizou que a taxa de juros pode subir em junho.

De acordo com a Bloomberg News, a aposta do mercado mostra chance de alta no mês que vem em 28%, ante 12% antes da ata do Fed. A probabilidade de alta em setembro também subiu com a ata e passou de 47% para 62%.

“Em algum momento o Fed iria retomar o processo de normalização monetária. Ainda acreditamos que acontecerá entre julho e setembro”, afirma Silvio Campos Neto, que espera dois aumentos de 0,25 ponto percentual para os juros dos Estados Unidos, sendo o último deles em dezembro.

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