Juros: DIs recuam com dólar e alívio na percepção de risco fiscal

Publicado 05.01.2023, 15:50
Atualizado 05.01.2023, 19:26
Juros: DIs recuam com dólar e alívio na percepção de risco fiscal

Os juros futuros aprofundaram o ritmo de queda ao longo da tarde desta quinta-feira, 5, em meio ao recuo mais aprofundado do dólar, que renovou mínima na segunda etapa de negócios e ameaçou romper o piso de R$ 5,35. O dia foi marcado por recuperação expressiva dos ativos domésticos e diminuição de prêmios de risco, dada à redução de temores de que o governo Lula adote medidas mais polêmicas na área econômica.

Dados da produção industrial em novembro atestando enfraquecimento da atividade doméstica e fala ao gosto do mercado da ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), contribuíram para o recuo das taxas. Pela manhã, o Tesouro realizou o primeiro leilão de prefixados de 2023 e com novos vencimentos. A despeito do risco para o mercado (DV01) ter sido maior, as taxas seguiram em baixa. Nem mesmo o avanço das taxas dos Treasuries, diante de dados fortes do relatório de emprego ADP nos EUA em dezembro, contaminou o mercado local.

Entre os curtos, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caiu de 13,794% no ajuste de ontem para 13,70%. As quedas foram mais acentuadas no miolo e na ponta longa da curva. DI para janeiro de 2025 fechou a 13,135% (de 13,312% ontem). O DI janeiro 2027 recuou de 13,318% para 13,075%. O DI janeiro 2029 desceu de 13,320% a 13,10%. Nas mínimas, as taxas destes últimos dois contratos chegaram a furar a marca psicológica de 13%.

O refresco para os ativos domésticos começou ontem com duas sinalizações relevantes. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, garantiu que não há intenção de mexer na reforma da previdência, desmentindo o ministro Carlos Lupi (Previdência). E o futuro presidente da Petrobras (BVMF:PETR4), senador Jean Paul Prates (PT-RN), garantiu que a petroleira terá como referências os preços internacionais do petróleo. Além disso, Lula convocou reunião ministerial para amanhã, às 9h30, algo visto como uma tentativa de enquadrar os ministros e afinar o discurso.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, vê a baixa dos DIs hoje como um movimento de realização técnica no contexto "de arrumação do discurso fiscal" e de atividade econômica em queda, já em reflexo do aperto monetário feito ao longo de 2022.

"A equipe econômica precisa urgentemente acionar um ajuste fiscal crível para reverter parte da elevação dos juros futuros nas últimas semanas. E também o comprometimento em aprovar a reforma tributária e uma nova regra fiscal de estabilização da dívida pública", afirma Velho, para quem a "quase totalidade" do ajuste será por aumento da arrecadação, com redução de desonerações e subsídios.

Pela manhã, em seu discurso de posse, Tebet disse que, "sem descuidar da responsabilidade fiscal e da qualidade dos gastos", o governo vai "colocar os brasileiros no orçamento". A ministra afirmou que Lula, ao convidá-la para o cargo, disse que gostaria de divergência na política econômica.

No primeiro leilão de títulos prefixados de 2023, o Tesouro Nacional vendeu 6,750 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) em três vencimentos. A oferta original era de 7 milhões de títulos. O volume financeiro somou R$ 4,9 bilhões.

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