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Juros: Taxas caem com tombo do petróleo e redução da aversão ao risco com guerra

Publicado 09.03.2022, 15:46
Atualizado 09.03.2022, 19:10
© Reuters Juros: Taxas caem com tombo do petróleo e redução da aversão ao risco com guerra
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Os juros futuros fecharam em baixa, em meio às expectativas de um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia e o tombo dos preços do petróleo. Após subirem por sete sessões, ou desde o início da guerra no leste europeu, as taxas longas finalmente devolveram prêmios. Internamente, favoreceu o alívio nas taxas a percepção de que as soluções que o governo deve adotar para reduzir os preços dos combustíveis não virão de radicalismos fiscais. Os ajustes nas apostas para o Copom de curto prazo, iniciados ontem, tiveram sequência, com a expectativa de aumento de 1 ponto porcentual em março ganhando mais terreno, movimento autorizado pela queda da produção industrial em janeiro, perto do piso das previsões.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,905% (regular) e 12,915% (estendida), de 13,057% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 12,825% para 12,595% (regular) e 12,67% (estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 12,12% (regular) e 12,19% (estendida), de 12,282%, e o DI para janeiro de 2027, a 12,035% (regular) e 12,11% (estendida), de 12,261%.

O alívio nos prêmios de risco começou ainda ontem no fim da sessão, com fatores internos e externos, e hoje se consolidou. A sinalização da Ucrânia de que cederia na questão da entrada na Otan já era vista como um aceno às exigências russas para a retirada das tropas e, hoje, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou estar preparado para fazer concessões em prol de terminar a guerra, mas que o outro lado também teria de se comprometer. Já a Rússia disse que as negociações avançaram e garantiu que o país não tem como objetivo ocupar o território vizinho ou derrubar o governo.

Como resultado, os preços do petróleo, que desde o início do conflito vinham ditando o ritmo da curva, dado o potencial inflacionário, despencaram. "Quanto mais o petróleo sobe, mais aumenta a defasagem ante os preços internacionais e também a pressão pelo uso de criatividade fiscal para a questão do combustíveis. Com a melhora lá fora, o risco de malabarismos fiscais aqui diminui", afirma o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier.

As reuniões entre Executivo, o Legislativo e ministros para discutir a redução dos preços de combustíveis terminou sem definição nesta quarta-feira, com o governo parecendo querer ganhar tempo até a guerra acabar. A adoção de um subsídio temporário de três a seis meses ainda está na mesa, mas ontem o ministro Paulo Guedes descartou ao menos a possibilidade de congelamento de preços, aliviando assim os piores temores do mercado.

No Brasil, a produção industrial de janeiro caiu 2,4% ante dezembro, mais fortemente do que a mediana das estimativas (-1,8%) e perto do piso do intervalo (-2,7%). Foi o recuo mais acentuado desde março de 2021 (-2,5%). Para o IBGE, os números mostraram que a alta de 2,9% em dezembro foi um ponto fora da curva.

O cenário é de pessimismo para a atividade e dados da indústria deram fôlego ao ajustes nas apostas de Copom, com o mercado recolhendo fichas numa dose mais agressiva e retomando expectativas numa alta de 1 ponto porcentual. Enquanto isso, os departamentos financeiros vão na direção oposta, elevando previsões de IPCA e Selic. O Credit Suisse (SIX:CSGN) informou hoje ter revisto sua projeção de inflação em 2022 para 7,0%, de 6,2% anteriormente, e em 2023, de 3,8% para 4%. O banco espera agora Selic de 13,25% no fim do ciclo, de 12,25% anteriormente.

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