Justiça nega recurso da Belo Sun e diz que Ibama deve licenciar projeto no Xingu

Publicado 13.09.2023, 14:34
Atualizado 13.09.2023, 15:01
© Reuters. Vista áerea da região do Xingu
23/11/2013
REUTERS/Paulo Santos

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) negou recurso da mineradora canadense Belo Sun e manteve decisão que determinou que o licenciamento ambiental de projeto da companhia no rio Xingu, no Pará, deve ser conduzido pelo órgão federal Ibama, informou em nota nesta quarta-feira o Ministério Público Federal (MPF).

A decisão unânime da 6ª Turma do TRF1 manteve os efeitos de sentença de 2018, em que a primeira instância da Justiça Federal em Altamira (PA) atendeu pedido do MPF e suspendeu licenças ambientais estaduais para a mineradora.

Para o MPF, a federalização é necessária pelos impactos em terras indígenas e no rio Xingu, além da previsão de sobreposição de impactos do empreendimento com os da construção da usina hidrelétrica Belo Monte, na Volta Grande do Xingu. Nos três casos, segundo o órgão, trata-se da preservação de bens protegidos pela União.

Em nota, o CEO da Belo Sun, Peter Tagliamonte, agradeceu ao TRF1 por esclarecer os papéis e responsabilidades de cada órgão e por ter mantido a validade do processo de licenciamento existente, que havia sido conduzido pelo órgão ambiental estadual do Pará, a Semas.

Dessa forma, a companhia não será obrigada a reenviar seus pedidos de licenças ao Ibama, que deverá prosseguir com a análise dos documentos como parte do seu processo de licenciamento.

"A Belo Sun está preparada para trabalhar com o Ibama em seu processo de licenciamento, bem como com o município local, comunidades e grupos indígenas", disse Tagliamonte, em nota publicada no site da empresa.

"Esperamos estabelecer um relacionamento construtivo e transparente com o Ibama e trabalhar com a agência para colocar o Projeto Volta Grande em produção para o benefício de todas as partes interessadas."

Na nota, o MPF afirmou que a canadense havia defendido em seu recurso o licenciamento pela via estadual, argumentando que o empreendimento estaria localizado fora de terras indígenas.

Em contrapartida, o órgão pontuou que não basta apenas considerar a localização do empreendimento, mas sim o impacto causado por ele, e que o tema já foi discutido outras vezes no próprio TRF1.

"Ficou assentado que, se a obra não se situa no perímetro de terra indígena, mas a impacta, o licenciamento é federal", afirmaram em nota os procuradores regionais da República Ana Padilha de Oliveira e Felício Pontes Júnior.

Para o MPF, o projeto de Belo Sun apresenta riscos de colapso socioambiental completo da região da Volta Grande do Xingu.

A região já foi palco de amplos debates no campo ambiental, ao receber a hidrelétrica de Belo Monte.

Para prosseguir o licenciamento, o MPF afirmou que o Ibama deverá reavaliar as licenças já concedidas, de modo a garantir a regularidade do processo, podendo solicitar novos documentos, estudos ou esclarecimentos, além de verificar a relação do empreendimento minerário com os impactos já produzidos na região pela usina Belo Monte.

O empreendimento da Belo Sun, destacou o órgão, "prevê aterros sanitários, barragens de rejeitos e modificações consideráveis no curso do rio, cuja vazão já foi afetada significativamente pela usina Belo Monte".

"Além dessas mudanças, os rejeitos resultantes da mineração do ouro têm o potencial de contaminar as águas do rio, causando a morte de peixes e até, possivelmente, extinção de espécies, impactando o ecossistema e os modos de vida de quem depende dele, o que foi levado em consideração pelo desembargador federal Jamil Oliveira, relator do caso", disse o MPF.

(Por Marta Nogueira)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.