Por Adrian Croft
BRUXELAS (Reuters) - A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) detectou sinais de envolvimento crescente da Rússia nos combates em partes do leste da Ucrânia, disse o principal comandante militar da aliança nesta quinta-feira.
O general Philip Breedlove, da Força Aérea dos Estados Unidos, comandante aliado supremo da Otan na Europa, afirmou que o conflito separatista pró-Rússia está mais intenso agora em alguns locais do que antes do acordo de cessar-fogo firmado em Minsk, capital de Belarus, em setembro.
Depois de uma reunião dos chefes de Defesa da Otan, Breedlove declarou em uma coletiva de imprensa que os líderes militares tentarão reestabelecer o contato com seus homólogos russos, rompido em meio às tensões em relação à Ucrânia.
A Rússia nega movimentar tropas no leste ucraniano, onde mais de 4.800 pessoas foram mortas desde que a rebelião pró-Moscou irrompeu na esteira da anexação russa da Criméia, em março passado, e também repudiou as acusações de que fornece armas aos rebeldes.
"A situação ao longo da linha de contato com a Ucrânia não é boa. Essencialmente, a luta se intensificou para níveis pré-acordo ou pré-trégua, e em alguns casos para além disso", afirmou Breedlove.
Após o acordo, a Otan disse que a Rússia retirou parte dos soldados que tinha dentro da Ucrânia apoiando separatistas pró-Rússia, mas nos últimos dias Kiev afirmou ter havido um novo aumento de forças russas no país.
Breedlove declarou não poder confimar a estimativa do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, de que há nove mil soldados russos no leste da Ucrânia.
"O que de fato vemos é que as forças apoiadas pela Rússia reforçaram seus recursos para pressionar as forças ucranianas e que moveram a linha de contato para o oeste em vários lugares, e isso é preocupante", disse.
"Começamos a ver as marcas (de calor) dos sistemas de defesa aérea e dos sistemas de guerra eletrônica que acompanharam a movimentação de tropas russas anteriores dentro da Ucrânia".
O contato militar de alto nível entre Rússia e Otan costumava ocorrer regularmente até a intervenção de Moscou em solo ucraniano.
O último contato aconteceu em maio passado entre o general Knud Bartels, chefe do comitê militar da Otan, e o general Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas russas.
"Vamos reestabelecer isso (a comunicação), vários de nós, líderes militares de alto escalão, conversamos sobre como o faremos... mas sim, vamos reestabelecer a comunicação com Valery (Gerasimov)", afirmou.