Por Roberta Rampton e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desistiu nesta quarta-feira de uma política de imigração que gerou críticas no país e no exterior, assinando um decreto presidencial para encerrar a separação de crianças de seus pais quando famílias imigrantes forem pegas atravessando ilegalmente a fronteira entre EUA e México.
O decreto exige que famílias imigrantes sejam detidas juntas quando entrarem ilegalmente no país, pelo tempo que durar o processo penal.
O decreto também transfere pais com crianças para a frente da fila para procedimentos imigratórios. O decreto não encerra uma política de “tolerância zero” que exige processos criminais contra imigrantes que atravessem a fronteira ilegalmente.
“É sobre manter famílias unidas, e ao mesmo tempo garantir que tenhamos uma fronteira muito poderosa, muito forte”, disse Trump ao assinar o decreto em um encontro organizado às pressas no Salão Oval da Casa Branca.
Vídeos de jovens em gaiolas e uma gravação de áudio de crianças chorando provocaram a indignação de grupos que vão de religiosos a líderes empresariais influentes nos EUA, além de críticas do exterior, como a do papa Francisco.
Trump, um espectador frequente de noticiários da TV a cabo, reconheceu que a questão de separações de famílias era um problema político crescente, disseram fontes da Casa Branca. A primeira-dama, Melania Trump, em conversas particulares com o presidente, pediu para ele fazer algo, disse uma autoridade da Casa Branca.
“A primeira-dama tem tornado sua opinião clara ao presidente há algum tempo, de que ele precisa fazer tudo que puder para ajudar a manter famílias juntas”, declarou uma autoridade.
No Salão Oval, Trump disse que ouviu da filha Ivanka sobre a política também.
"Ivanka sente muito fortemente. Minha esposa sente muito fortemente sobre isso. Eu sinto muito fortemente sobre isso. Acho que qualquer um com um coração se sentiria muito fortemente sobre isso", afirmou Trump.
A ação desta quarta-feira marca uma rara ocasião desde que Trump assumiu, em janeiro de 2017, na qual ele mudou de rumo em uma política controversa, ao invés de aprofundá-la.
Trump tem feito de sua dura postura sobre imigração uma peça central de sua Presidência. Nos dias recentes, o presidente republicano insistiu que suas mãos estavam atadas pela lei na questão de separações familiares e buscou culpar democratas, embora tenha sido seu governo que implementou a política de adesão estrita da lei de imigração.
O Congresso dos EUA, controlado pelos republicanos, também está considerando legislação para tratar da questão. A Câmara dos Deputados planeja votar na quinta-feira dois projetos de lei feitos para cessar a prática de separar famílias e para tratar de outras questões imigratórias.
Mas republicanos disseram estar incertos se alguma das medidas terá apoio suficiente para ser aprovada. Trump disse aos republicanos da Câmara na noite de terça-feira que iria apoiar qualquer um dos projetos de lei sob consideração, mas não deu uma preferência.