Por Marion Giraldo e Aislinn Laing
(Reuters) - Um tribunal do Chile iniciou um novo processo contra o ex-chefe do Exército do país devido à suposta tortura de 24 prisioneiros políticos após o golpe militar de 1973, segundo um documento legal divulgado nesta quinta-feira.
A Corte de Apelações de La Serena, cidade do norte chileno, ordenou a investigação contra Juan Emilio Cheyre, de 71 anos, e outros ex-militares por supostamente submeterem detidos a espancamentos, choques elétricos, simulações de execução, tortura com água, enforcamentos, estupros e agressões sexuais.
Um mandato de prisão para Cheyre foi emitido nesta quinta-feira e ele foi posto sob custódia pouco depois. Uma audiência judicial deve ocorrer até o final do dia, disse um porta-voz da força de polícia investigativa do Chile (PDI) à Reuters.
Até agora Cheyre, que já está em prisão domiciliar por outro crime relacionado, é a autoridade mais graduada a ser responsabilizada por abusos cometidos depois que Augusto Pinochet depôs o presidente chileno Salvador Allende.
Em novembro do ano passado ele foi condenado a três anos e um dia de prisão domiciliar por sua cumplicidade nas mortes de 15 pessoas.
Ele serviu como auxiliar do comandante do regimento de infantaria da cidade litorânea de La Serena, situada 470 quilômetros ao norte de Santiago.
Lá ele testemunhou os assassinatos de 15 pessoas, cometidos por colegas de farda sob as ordens do famoso comitê militar a cargo das "Caravanas da Morte", que após o golpe percorreran a nação matando e ordenando a morte de ativistas de esquerda.
Durante a ditadura do falecido Pinochet, que durou 17 anos, cerca de três mil pessoas morreram por razões políticas e cerca de 28 mil foram torturadas, inclusive a ex-presidente Michelle Bachelet.