Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central manteve o ritmo de aperto monetário e elevou nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 13,25 por cento ao ano, em decisão unânime e esperada pelo mercado.
Com isso, a taxa de juros brasileira passa ao patamar mais alto desde dezembro de 2008 --quando estava em 13,75 por cento ao ano--, diante de preocupações com a inflação elevada, apesar das perspectivas de retração da economia.
Em pesquisa da Reuters, 42 dos 48 economistas consultados previam alta de 0,50 ponto percentual para Selic.
"Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 13,25 por cento ao ano, sem viés", informou o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC em comunicado inalterado em relação ao divulgado na reunião anterior.
Na avaliação do economista do Bank of America Merrill Lynch David Beker, a manutenção do texto dá espaço para a autoridade monetária tomar qualquer decisão daqui para frente.
"Eu acho que esse foi o último aumento, mas a porta está aberta porque o comunicado não deu a entender que o ciclo acabou", disse.
Para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, o novo ajuste da Selic reforça o compromisso do BC com a retomada de sua credibilidade.
"Eu acho sensato o Banco Central deixar a porta aberta, fazer um comunicado lacônico. Provavelmente vai vir uma ata também sem grandes alterações... O fato é que o BC está num processo de construção de reputação e trazer inflação pra meta é oportunidade", disse.
A decisão desta quarta dá sequência ao ciclo de aperto monetário iniciado em outubro, quando o BC elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, em movimento surpreendente e que contou com apoio de todos os membros do Comitê. No encontro de dezembro, o Copom acelerou o ritmo e elevou a taxa em 0,5 ponto percentual, elevando novamente a Selic em 0,5 ponto percentual nas reuniões de janeiro e março.
O BC vem reforçando o compromisso de se manter vigilante com a alta dos preços na economia, prevendo uma convergência para o centro da meta no final do ano que vem.
Em março, o avanço dos preços medidos pelo IPCA acelerou a 1,32 por cento, acumulando alta de 8,13 por cento em 12 meses, bem acima da meta do governo de 4,5 por cento, com margem de 2 pontos para mais ou para menos.
A reunião desta quarta foi a primeira do Copom que contou com os votos dos novos diretores Otávio Damaso, de Regulação, e Tony Volpon, de Assuntos Internacionais. Ex-economista do banco Nomura, Volpon era crítico contumaz da política anterior do BC, de juros baixos.
(Reportagem adicional de Alonso Soto)