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Moody's muda nota da dívida brasileira de "estável" para "negativa"

Publicado 09.09.2014, 15:51
Atualizado 09.09.2014, 16:00
Moody's muda nota da dívida brasileira de "estável" para "negativa"

São Paulo, 9 set (EFE).- A agência de classificação de risco Moody's mudou de estável para negativa a perspectiva para o rating dos títulos da dívida do governo brasileiro diante das previsões de baixo crescimento da economia, informou nesta terça-feira a entidade em comunicado.

As projeções de crescimento da economia brasileira, que terá uma expansão muito menor do que a esperada, e a piora dos indicadores das contas públicas justificam a redução da perspectiva para a nota da dívida soberana do Brasil, segundo a agência.

Apesar da mudança, a Moody's manteve a nota de risco dos títulos brasileiros no nível Baa2, o segundo degrau entre os do chamado "investimento grade" (grau de investimento), que é dado para os países que a agência considera como seguros para o investimento estrangeiro.

A agência já tinha alterado em outubro do ano passado a perspectiva da nota da dívida brasileira de positiva para estável. Com isso, se a situação econômica do país continuar piorando, a agência pode rebaixar a classificação para Baa3.

A Moody's explicou que manteve a atual classificação de risco da dívida brasileira devido à resistência do país a choques externos, dado o alto nível de suas reservas internacionais, suficientes para garantir o pagamento da dívida, e a "vulnerabilidade limitada do balanço patrimonial do governo a mudanças abruptas no apetite global por risco em relação aos seus pares".

No entanto, segundo a agência, o baixo crescimento e a piora dos indicadores da dívida do Brasil reduzem a capacidade do país para cumprir com suas obrigações com os credores.

A alteração acontece poucos dias depois que o governo admitiu que a economia sofreu uma retração de 0,6% no segundo trimestre deste ano e que, ao acumular dois trimestres consecutivos de crescimento negativo, está vivendo o que os especialistas consideram uma situação de "recessão técnica".

Diante dessa desaceleração, os economistas do mercado financeiro reduziram sua projeção para o crescimento da economia brasileira neste ano para 0,48%, quase um terço da expansão esperada pelo governo.

A nova projeção indica que os especialistas esperam uma forte desaceleração econômica após a ligeira recuperação de 2013.

Depois de ter registrado uma expansão de apenas 1% em 2012, a economia se recuperou no ano passado e cresceu 2,3%.

O Banco Central admitiu que o setor público brasileiro registrou em julho um déficit fiscal primário de R$ 4,715 bilhões (US$ 2,143 bilhões de), o pior resultado para o mês nos últimos 13 anos.

O déficit público dos últimos três meses reduziu o superávit primário acumulado pelo Brasil nos sete primeiros meses do ano para R$ 24,665 bilhões (US$ 11,211 bilhões), o pior saldo para o período nos últimos 13 anos.

Em março, outra agência de classificação de risco, a Standard & Poor's, rebaixou a nota de risco do Brasil de BBB para BBB-, um nível que ainda é de grau de investimento, mas que encerrou uma década de melhorias na nota da dívida brasileira.

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