MIAMI (Reuters) - A organização não governmental Human Rights Watch (HRW) disse nesta terça-feira que o governo cubano prendeu, agrediu e cometeu abusos arbitrários contra manifestantes após uma série de protestos sem precedentes em julho, com a intenção de provocar o medo na população e reprimir dissidentes.
Milhares de cubanos marcharam em 11 de julho nas maiores manifestações políticas do país desde a revolução de Fidel Castro em 1959. As forças de segurança encerraram as manifestações em meio a uma onda de prisões e uma morte. Desde então, as ruas do país caribenho estão em grande parte tranquilas.
A Human Rights Watch disse que documentou pelo menos 130 casos em que as forças de segurança violaram o devido processo, abusaram sexualmente e obrigaram cidadãos que participaram dos protestos a confinamento solitário, descrevendo as manifestações como "protestos anti-governamentais amplamente pacíficos".
Cuba negou as informações de torturas e abusos sistemáticos. O governo cubano responsabiliza a intromissão dos Estados Unidos pelos protestos, dizendo que há décadas o país busca abertamente forçar reformas no país vizinho aplicando sanções e financiamento para promover programas democráticos.
A HRW disse que reuniu evidências de abusos de direitos por parte da polícia e do exército cubano a partir de entrevistas telefônicas com ativistas, vítimas, seus familiares, jornalistas e advogados, assim como expedientes de casos, informações da imprensa, fotografias e vídeos.
"Quando milhares de cubanos saíram às ruas em julho, o governo respondeu com uma estratégia brutal de repressão com o objetivo de provocar o medo e reprimir a dissidência",, afirmou o investigador da HRW Juan Pappier.