RIO DE JANEIRO (Reuters) - O leilão dos excedentes da cessão onerosa, que está sendo realizado nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, deverá arrecadar mais do que todos os certames petrolíferos anteriores já realizados no Brasil, afirmou o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, ao participar da abertura da licitação.
O leilão vai oferta quatro blocos, na Bacia de Santos, sob regime de partilha, com bônus de assinatura total de 106,6 bilhões de reais.
"Foi um milagre ter chegado à revisão do contrato (da cessão onerosa) e a esse leilão dado o grau de complexidade", afirmou Oddone, durante seu discurso.
Do lado de fora do hotel onde acontece o leilão do excedente da cessão onerosa, um pequeno grupo de manifestantes protestava contra a realização do certame, ao mesmo tempo em que o Brasil enfrenta um histórico vazamento de petróleo que atinge as praias do Nordeste brasileiro.
Cerca de 15 pessoas carregavam faixas contra a exploração de combustíveis fósseis e alguns estavam com rosto e corpo cobertos por manchas pretas, numa alusão ao petróleo.
Um índio com um cocar também participava do ato em frente à praia da Barra da Tijuca.
"Estamos indignados. A tragédia do Nordeste ocorre porque o governo não tem capacidade de conter vazamentos de petróleo desse tamanho. Então, se houver um vazamento no pré-sal, a contenção será ainda mais difícil, disse à Reuters Nicole Oliveira, diretora da ONG 350.org na América Latina.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, comentou em seu discurso que o Brasil tem realizado leilões dentro das melhores práticas de governança e segurança jurídica.
Albuquerque afirmou que o Brasil não poderia mais adiar a transformação do patrimônio do petróleo em riqueza efetiva.
Segundo ele, no curto prazo o país poderá dobrar suas reservas de petróleo, chegando a 30 bilhões de barris equivalentes, após o leilão da cessão onerosa.
O ministro disse ainda que o Brasil poderá produzir 7 milhões de barris por dia e deverá se consolidar como exportador da commodity, ficando entre os cinco maiores produtores do mundo.
(Por Marta Nogueira, Mariana Parraga, Gram Slattery, Roberto Samora e Rodrigo Viga Gaier)