SÃO PAULO (Reuters) - Após o forte avanço da véspera, em meio às tensões entre o governo Lula e o Banco Central, o dólar à vista fechou a sexta-feira em baixa ante o real, com participantes do mercado aproveitando as cotações mais altas para internalizar recursos e ajustar posições, enquanto no exterior a moeda norte-americana subia em meio à turbulência trazida pelo Deutsche Bank.
Com a derrocada das ações do banco alemão, pressionadas pela alta no custo de seguro contra inadimplência de seus títulos, a expectativa era de que o dólar passasse por mais uma sessão de alta nesta sexta-feira, com investidores em busca de segurança.
Isso chegou a ocorrer no início do dia, mas exportadores aproveitaram o dólar à vista acima dos 5,30 reais para vender moeda, o que colocou as cotações para baixo. Além disso, investidores que estavam comprados (posicionados na alta do dólar) no mercado futuro aproveitaram para realizar lucros, o que também pesou sobre as cotações.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,2503 reais na venda, em queda de 0,75%.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,91%, a 5,2580 reais.
Às 9h43, o dólar à vista marcou a maior cotação da sessão, de 5,3426 reais (+1%), em meio ao estresse global com o Deutsche Bank, mas depois as cotações foram caindo até que perto das 11h30 a moeda já oscilava no território negativo.
“Tivemos um fluxo positivo com dólar a 5,30 reais, houve bastante venda de exportador, tanto no pronto (moeda à vista) quanto no futuro. Na medida que vai vendendo, o dólar dá uma desacelerada”, disse Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora. “O dia até que começou nervoso, com o dólar em alta, mas contra fluxo não há argumentos”, acrescentou.
Outros profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que, com a forte alta do dólar na quinta-feira, em meio às críticas do governo Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, era natural que houvesse um ajuste de preços nesta sexta-feira.
Ao longo do dia, o dólar também perdeu um pouco de força no exterior em relação a algumas divisas de países exportadores de commodities, o que reforçou o viés de baixa para a moeda norte-americana no Brasil.
Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,49%, a 103,100.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16 mil contratos de swap cambial tradicional, ofertados na rolagem dos vencimentos de maio.
(Fabrício de Castro)