Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - O mercado reagiu bem ao balanço do primeiro trimestre da Nu Holdings (NYSE:NU), dona do Nubank (SA:NUBR33). Segundo os especialistas consultados, a empresa trouxe bons números e a sua boa fase é resultado de estratégias acertadas feitas pelo banco. Porém, o ritmo de crescimento da empresa ainda parece lento para parte dos analistas.
Às 14h19, as BDRs do Nubank subiam 0,82%, a R$ 3,68, enquanto as ações negociadas nos EUA ganhavam 1,49%, a US$ 4,42.
“Entre os destaques dos resultados, a companhia viu a sua receita média por cliente ativo aumentar para US$ 6,70 contra US$ 5,60 no quarto trimestre de 2021. A taxa de atividade aumentou para 78% de 76,3% no trimestre anterior”, destaca Guilherme Zanin, analista da Avenue.
A base de clientes do Nubank encerrou março com 59,6 milhões de clientes, um avanço anual de 61%, sendo que a base no Brasil cresceu 55%, para 57,3 milhões. Os outros usuários seriam do México e Colômbia.
Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Research, destaca que a receita da Nu cresceu 258% em relação ao 1T21, em partes, devido ao aumento de clientes ativos no site, consumindo produtos e cartões de crédito, pré-pago e ultravioleta.
“A companhia ainda opera em prejuízo, embora tenha apontado um lucro líquido ajustado, descontando alguns eventos não recorrentes, de apenas US$ 10 milhões, o que é muito baixo e pouco significativo”, afirma Lopes.
O índice de inadimplência começou a subir, com o aumento de crédito pessoal em maior escala, e para a analista da Nord, esse cenário deve continuar avançando até o fim do ano.
Zanin ainda destaca que hoje, 17, está programado o fim da restrição para negociação das ações dos fundadores e acionistas do Nubank pré-IPO. Essa data estava programada para junho, mas foi antecipada pela fintech. Isso significa que fundos e investidores relevantes podem começar a negociar os papéis da empresa de acordo com as suas estratégias e expectativas.
“A Nu Holding possui um valor de mercado de aproximadamente US$ 20,16 bilhões, negocia a -121,51x P/E e desde o IPO caiu -53,6%”, aponta Zanin.
Lopes recomenda aos investidores que não comprem ações do Nubank, pois ainda permanece cética sobre os números, diante da enorme base de clientes e a lentidão para monetizá-los. Para a especialista da Nord, como o cenário ainda incerto de juros e inflação, o Nubank não deverá conseguir crescer muito sem tentar alguma aquisição mais arriscada para o negócio.
Larissa Quaresma, analista da Empiricus, acredita que o resultado veio pouco abaixo da estimativa, com bom aumento do número de clientes e receita. "O ponto negativo foi justamente os custos. Essa receita de juros, empréstimos e cartão de crédito, tem um custo de captação. O Nubank remunera seus correntistas a 100% do CDI e com o aumento da Selic, esse custo cresceu 648% em bases anuais, bem acima do crescimento da receita, e com isso a gente vê uma piora de rentabilidade", detalha. Conforme Quaresma, a inadimplência cresceu 268%, levando a uma piora de margem financeira ajustada ao risco.