RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) aumentou a previsão de captação de recursos neste ano com o objetivo de reduzir os volumes de vencimentos de dívidas em 2018, 2019 e 2020, ao observar oportunidades no mercado doméstico e considerando que o ambiente no próximo ano pode não ser favorável, devido às eleições presidenciais.
As previsões para captações de recursos em 2017 foram elevadas para 13 bilhões de dólares, ante previsão anterior publicada em maio de 4 bilhões de dólares, informou a companhia nesta sexta-feira, durante teleconferência com analistas de mercado sobre os resultados da empresa no segundo trimestre.
Em conversa com analistas, o diretor-executivo da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores, Ivan Monteiro, afirmou que todas as próximas captações deste ano devem ser realizadas no Brasil e que a estratégia de amortização da dívida deve permanecer como a adotada nas últimas operações.
A ideia é obter recursos para realizar pré-pagamentos de vencimentos mais curtos e alongando a dívida para períodos entre cinco e sete anos, segundo explicou Monteiro.
"A gente está com um nível de amortização (da dívida) bastante confortável para 2018..., mas a gente acha que deve (realizar amortizações) dado que 2018 é um ano eleitoral; e a gente acha que existem oportunidades e você deve esperar anúncios da companhia nas próximas semanas", afirmou Monteiro.
Na noite de quinta-feira, Monteiro afirmou em uma coletiva de imprensa sobre os resultados que há vencimentos de 9,3 bilhões de dólares para 2018 e que a empresa vai trabalhar para uma redução entre 1,5 bilhões e 2 bilhões de dólares.
Os vencimentos atuais para 2019 somam 16,7 bilhões de dólares, enquanto que os de 2020 somam 12,6 bilhões de dólares, segundo dados da Petrobras.
O endividamento líquido da empresa caiu de 314,120 bilhões de reais ao final do ano passado para 295,3 bilhões de reais ao final do primeiro semestre. O indicador de dívida líquida/Ebtida ajustado ficou em 3,23 vezes, praticamente estável ante o primeiro trimestre (3,24 vezes).
Uma das fontes de financiamento neste ano será com um retorno ao BNDES, que irá somar 2 bilhões de reais, segundo Monteiro afirmou na quinta-feira. Desse volume, até 1 bilhão de reais será com a linha Finame, voltada para máquinas e equipamentos, e os demais para outras finalidades, disse o diretor.
"A gente não tem nenhum planejamento de captação no mercado internacional de capitais neste ano, neste momento, estamos em um processo de realização de... renda fixa no mercado nacional, o que muito nos alegra", afirmou Monteiro.
Em julho, a empresa informou que seu Conselho de Administração aprovou a emissão de até 5 bilhões de reais em debêntures simples, não conversíveis em ações.
DESINVESTIMENTO
Sobre os resultados, Monteiro frisou que a empresa permanecerá em busca de redução da dívida e que, para isso, irá acelerar o programa de desinvestimentos no segundo semestre. Ele disse que a empresa mantém a meta de obter 21 bilhões de dólares com o programa de venda de ativos entre 2017 e 2018.
A empresa também permanecerá em busca de redução de custos e aumento da eficiência, principalmente na área de exploração e produção.
A Petrobras teve queda no lucro líquido do segundo trimestre, a 316 milhões de reais, em resultado abaixo do consenso do mercado devido a despesas bilionárias com a adesão a programas de regularização tributária, preços do petróleo ainda fracos, queda nas exportações e menores vendas domésticas.
O lucro líquido recuou 14,6 por cento sobre os segundo trimestre de 2016 e 93 por cento ante os três primeiros meses deste ano, com efeitos negativos de 6,234 bilhões de reais da adesão aos programas tributários conhecidos como PRT e Pert.
(Por Marta Nogueira)