Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Maior produtora de cabos elétricos para linhas de transmissão e distribuição na América Latina, a Alubar deverá concluir a expansão de sua fábrica em Barcarena (PA) até janeiro, permitindo elevar sua capacidade de produção para 100 mil toneladas em 2019, ante 60 mil neste ano, disse um executivo à Reuters.
As obras de expansão, que começaram no início deste ano, contaram ainda com a aquisição de equipamentos, dentre eles, um forno de fusão, que permitirá que a empresa amplie o leque de fornecedores de matéria-prima para além da Albras, do grupo Norsk Hydro, historicamente o único provedor.
Com a aquisição do forno, a Alubar poderá manter sua produção a partir de lingotes ou vergalhões provenientes de empresas do mundo todo. Antes da expansão, a empresa era dependente do alumínio líquido vendido pela Albras.
"Nossa fábrica tem 20 anos e nós sempre usamos 100 por cento de alumínio vindo da Albras... com o passar do tempo, com o crescimento que nós viemos tendo, nós verificamos que temos que ter uma segurança quanto a não ter um fornecedor único para uma matéria-prima tão importante", disse à Reuters o diretor executivo da Alubar Metas e Cabos, Maurício Gouvea.
"Nos dá uma autonomia no caso de algum desabastecimento ou um problema técnico com a Albras."
As operações da Albras, uma joint venture entre a Norsk Hydro e a Nippon Amazon (NASDAQ:AMZN) Aluminium, chegaram a correr o risco de serem afetadas neste ano, depois de problemas que envolveram a fabricante de alumina, matéria-prima do alumínio, Hydro Alunorte, também em Barcarena, no Pará.
A Alunorte, operada pela Norsk Hydro, está com parte de suas atividades embargadas desde março, depois de ter sido acusada por despejar efluentes não tratados nos rios da região. A empresa já admitiu ter realizado os descartes, mas nega que a medida tenha causado danos ao meio ambiente.
Em meio a negociações com autoridades locais para voltar a operar com sua capacidade máxima, a Alunorte quase precisou cortar 100 por cento de suas atividades, potencialmente impactando o portfólio da Albras. Mas a questão foi revertida.
Gouvea, no entanto, frisou que não teve qualquer tipo de problema com os contratos de fornecimento de matéria-prima e que o projeto de expansão da fábrica já estava previsto desde 2016.
"Eles têm nos garantido os volumes contratados sem nenhum tipo de problema, a redução que houve na Alunorte não nos afetou de forma alguma", afirmou.
LEILÃO DE TRANSMISSÃO
O executivo destacou ainda que, com a expansão, a Alubar poderá atender toda a demanda do próximo leilão de concessões para a construção e futura operação de projetos de transmissão de energia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), previsto para 20 de dezembro.
"Isso garante que a indústria nacional não precisa de cabos externos para atender as suas demandas... Nós temos preço e capacidade de produção para colocar todo o volume necessário para atender o próximo leilão", disse Gouvea.
A empresa também tem expectativas de novas expansões a partir do fim do próximo ano, com o desenvolvimento da economia brasileira.
"O mercado vai ter que assimilar a nova situação política que acontece a partir de janeiro. Se isso vier favorável, o mercado tende a crescer, com o mercado tendendo a crescer, nós vamos crescer... Essa é a nossa expectativa", disse.
A Alubar teve em 2017 uma receita líquida de 580 milhões de reais e um Ebitda de 111 milhões de reais.
(Por Marta Nogueira)