A Bolsa brasileira tenta recuperar parte das perdas da véspera, motivadas por incertezas relacionadas a possíveis interferências políticas nas estatais do País, especialmente na Petrobras (SA:PETR4). Antes mesmo da abertura, um sinal de retomada vinha do American Depositary Receipts (ADR) da estatal (NYSE:PBR), negociado em Nova York, que sobe esta manhã, depois do declínio forte de ontem. Na ocasião, as ações da companhia cederam até 21% na B3, levando consigo o Ibovespa, que caiu 4,87%, aos 112.667,70 pontos.
Às 11h19, PN tinha alta de 7,51% e ON (SA:PETR3), de 6,59%. O índice Bovespa avançava 1,22%, aos 114.038,19 pontos.
"Não descartamos algum ajuste da Bovespa após a forte queda nos últimos dias. Entretanto, segue elevada a incerteza em torno de estatais relevantes como a Petrobras e Eletrobras (SA:ELET3). Além disso, a aprovação da PEC 186 que trata de vários temas fiscais é bem desafiadora", avalia em nota a LCA Consultores.
Além disso, ações de empresas de determinados setores também estimulam recuperação da B3 (SA:B3SA3) hoje, caso de siderurgia. Isso porque a demanda pela commodity continua forte, como retratado no balanço da CSN (SA:CSNA3), cujo Ebitda foi recorde, apresentando alta de 35% no quarto trimestre de 2020 ante o anterior. Em contrapartida, a leve elevação do petróleo no exterior e o recuo de 1,65% do minério de ferro no porto chinês de Qingdao, a US$ 173,05 a tonelada, podem limitar eventual ganho na B3. CSN On subia 1,31%.
Fora da seara corporativa, a divulgação do governo de dos custos com o auxílio emergencial - ainda que o montante de R$ 40 bilhões tenha ficado acima do esperado por alguns no mercado - tende a tranquilizar os investidores.
"Ainda temos um cenário de instabilidade. Há questões pendentes como a do Orçamento e a decisão sobre o auxílio emergencial. A apresentação do valor traz um pouco de tranquilidade por mais que as diretrizes não sejam boas", afirma Ariane Benedito, economista da CM Capital.
Contudo, internamente, o assunto Petrobras continua gerando mais atenção. Investidores estão de olho na reunião do Conselho de Administração da companhia, que começou esta manhã para avaliar a indicação do nome do general Joaquim Silva e Luna para integrar o colegiado, o que abre espaço para que ele possa ocupar o lugar de do presidente Roberto Castello Branco. "Ainda há resquícios dessas questões envolvendo dúvidas sobre ingerência política em estatais. De ontem para hoje, não teve nenhuma novidade, o que leva investidores a realizarem", explica.
Ainda que haja alguma queda nas ações da Petrobras, a análise técnica indica que o Ibovespa tentará retomar os 115 mil pontos, para depois buscar a resistência dos 120 mil pontos, cita Ariane.
O que é positivo, avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, em apresentação matinal a clientes, é a recuperação das ADRs mostrando, segundo ele, que houve reação exagerada do mercado em relação às ações da Petrobrás ontem. "Até porque o presidente Jair Bolsonaro disse que não vai interferir na empresa política de preços. O dia pode ser menos ruim, mas temos preocupações ainda internas e externas", cita.
Nos EUA, a grande expectativa é a participação do presidente do Fed, Jerome Powell, em audiência no Senado, ao meio-dia, mesmo horário em que sairá o índice de confiança do consumidor relativo a fevereiro, via Conference Board. Em meio a temores de avanço acelerado da inflação nos EUA, espera-se algum sinal de Powell nessa direção e no sentido de indicar com ficará a política monetária do país.