Por Andrew Osborn e Mark Trevelyan
MOSCOU (Reuters) - A China e a Rússia proclamaram uma estreita parceria estratégica para fazer frente ao que veem como influência global maligna dos Estados Unidos, e o presidente chinês, Xi Jinping, recebeu nesta sexta-feira seu homólogo russo, Vladimir Putin, no dia da abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.
Em declaração conjunta, os dois países afirmaram que seu novo relacionamento é superior a qualquer aliança política ou militar da época da Guerra Fria.
"A amizade entre os dois Estados não tem limites, não há áreas 'proibidas' de cooperação", declararam, anunciando planos de colaboração em várias áreas, incluindo espaço, mudanças climáticas, inteligência artificial e controle da internet.
O acordo marca a declaração mais detalhada e assertiva da determinação russa e chinesa de trabalharem juntas --e contra os Estados Unidos-- na construção de uma nova ordem internacional baseada em suas próprias interpretações sobre direitos humanos e democracia.
Repleto de discurso ideológico, não ficou claro se o anúncio se traduzirá de imediato em um aumento na cooperação prática e tangível, apesar de Putin anunciar um novo acordo de gás com a China nesta sexta-feira, ou se pretendia ser mais uma declaração geral de intenção política.
"Os dois líderes estão anunciando sua determinação em permanecer juntos e contra os EUA e o Ocidente --prontos para resistir às sanções e contestar a liderança global norte-americana", disse Daniel Russel, do grupo de pesquisa Asia Society, que atuou como principal diplomata do Departamento de Estado dos EUA para o Leste Asiático sob o governo Obama.
Embora não formalmente aliados, os dois países "estão fazendo de uma causa comum uma questão tática para melhor defender seus respectivos interesses e sistemas autoritários da pressão ocidental", disse ele.
Os países têm se aproximado, uma vez que ambos estão sob pressão do Ocidente com relação a uma série de questões, incluindo seus compromissos com os direitos humanos e o acúmulo militar russo perto da Ucrânia. O momento do anúncio foi muito simbólico, em uma Olimpíada organizada pela China que os Estados Unidos submeteram a um boicote diplomático.
Não houve comentários de imediato da Casa Branca ou do Departamento de Estado norte-americano.
(Reportagem de Andrew Osborn em Moscou, Mark Trevelyan em Londres e David Brunnstrom em Washington)