Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Mais de 60 mil pessoas morreram no Brasil em decorrência da Covid-19 nos quatro meses decorridos desde a chegada da pandemia do novo coronavírus ao país, informou o Ministério da Saúde nesta quarta-feira, alertando para um avanço recente da doença nas Regiões Sul e Centro-Oeste.
A trágica marca foi superada com o registro de 1.038 novas mortes nesta quarta, elevando o total no país a 60.632, de acordo com dados do ministério. O número foi atualizado no início da noite em relação aos 60.610 óbitos divulgados um pouco antes.
Em relação ao total de casos, o Brasil chegou a 1.448.753 depois de registrar mais 46.712 nesta quarta-feira. Mais cedo, o ministério havia informado um total de 1.447.523 casos, com 45.482 novos registros.
Segundo o ministério, a atualização foi feita devido à inclusão no sistema de dados atrasados do Rio de Grande do Sul, que passou a ser visto com preocupação diante de um aumento recente no número de casos e de óbitos pela Covid-19.
Inicialmente poupados dos piores impactos da pandemia, o Sul e o Centro-Oeste registraram crescimento de 37% e de 36%, respectivamente, no número de óbitos registrados na semana epidemiológica encerrada no último sábado, em contraste com recuos no Norte e no Sudeste e com tendência de estabilidade no Nordeste.
Ao contrário de Estados que sofreram impacto direto dos casos trazidos do exterior através de aeroportos internacionais, lugares como Rio Grande do Sul e Santa Catarina foram os primeiros a afrouxar as medidas de distanciamento social impostas contra a disseminação da Covid-19, uma vez que não enfrentaram os mesmos problemas provocadas pela doença. No entanto, essa tendência tem mudado nas últimas semanas.
"Há um aumento no número de casos de Covid-19 tanto na Região Centro-Oeste com na Região Sul, em quase todos os Estados que, até o momento, duas ou três semanas atrás, tinham um pequeno número de casos", disse Eduardo Marques Macário, diretor do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
"O número de casos ainda é pequeno quando comparado com as Regiões Norte, Nordeste e, principalmente, os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, mas é um número que chama bastante atenção, principalmente para os gestores estarem acompanhando, não só a evolução do número de casos, mas também a ocupação dos leitos hospitalares", acrescentou.
O avanço da doença para Estados que inicialmente tinham sido poupados coincide com uma interiorização da Covid-19. Desde a semana epidemiológica de número 21, encerrada em 23 de maio, a epidemia passou a atingir o interior com mais força do que as capitais, e na semana encerrada no sábado, pela primeira vez, houve mais mortes registradas fora dos grandes centros do que nas metrópoles.
Além disso, 90,1% dos municípios brasileiros já registraram ao menos um caso de Covid-19, e 45,8% das cidades do país já perderam moradores em decorrência da doença, de acordo com boletim epidemiológico do ministério.
O Brasil é o segundo país do mundo com maiores números de casos e de mortes em consequência do novo coronavírus, atrás apenas dos Estados Unidos.
Segundo os dados do Ministério da Saúde, São Paulo é o Estado mais atingido pelo vírus no Brasil, com 289.935 casos e 15.030 mortes. O Rio de Janeiro vem na sequência, com 115.278 infecções e 10.198 óbitos.
Ceará (113.017 casos e 6.180 mortes) e Pará (105.853 infecções, 4.960 óbitos) completam o grupo de Estados brasileiros que ultrapassaram a marca de 100 mil infecções.
Entre os Estados do Sul, o Rio Grande do Sul aparece como aquele com maior número de casos, com 28.171, e 636 óbitos. Santa Catarina vem na sequência, com 27.279 casos e 347 mortes.
O Brasil, ainda de acordo com o ministério, possui 826.866 pacientes recuperados da Covid-19 e 561.255 em acompanhamento.