Por Jessica Toonkel
(Reuters) - A Thomson Reuters previu que seus custos vão mais que dobrar no ano, enquanto a receita crescerá modestamente. A previsão levou as ações da empresa de notícias e informações financeiras a recuarem 5 por cento, com os investidores preocupados com o crescimento do lucro após a conclusão do plano de venda da maior unidade do grupo.
A companhia estima gastos corporativos entre 500 milhões e 600 milhões de dólares este ano com investimentos em tecnologia e "dimensionamento correto de algumas áreas da organização", disse o diretor financeiro, Stephane Bello, a analistas em teleconferência, após divulgar resultados do primeiro trimestre.
A estimativa não inclui a unidade Financial & Risk do grupo, que vende dados e notícias principalmente para clientes do mercado financeiro. A Thomson Reuters anunciou em janeiro acordo para vender uma participação majoritária na unidade para a empresa de private equity Blackstone. O acordo deve ser concluído no segundo semestre deste ano.
O custo comparável para 2017, excluindo também a unidade Financial & Risk, foi de 244 milhões de dólares.
A expectativa de forte crescimento dos custos surpreendeu alguns em Wall Street.
"Eu acreditava que os custos de transição estariam na faixa de 50 milhões de dólares ou menos", disse Doug Arthur, analista da Huber Research Partners. "Eles estão falando um número muito grande."
No entanto, ele permanece positivo em relação às perspectivas para a Thomson Reuters após a transação envolvendo a unidade Financial & Risk. "Estou muito otimista sobre o negócio, mas a ponte para chegar à terra prometida é um pouco confusa e as ações estão reagindo a isso", disse ele.
Custos e investimentos nos próximos dois anos podem limitar a lucratividade, disse a analista Brittany Weissman, da Edward Jones.
"Há incerteza em torno de como será o crescimento dos lucros, especialmente nos próximos dois anos, à medida que a TRI reposiciona os negócios", acrescentou. "No entanto, fomos encorajados pelo crescimento nos dois maiores segmentos remanescentes. As vendas na divisão jurídica ficaram acima das expectativas."
No primeiro trimestre, a Thomson Reuters teve vendas de 1,38 bilhão de dólares, um pouco acima dos 1,33 bilhão de um ano antes. O lucro líquido ajustado para o primeiro trimestre foi de 0,28 dólar por ação. Analistas esperavam receita de 1,36 bilhão de dólares e lucro de 0,27 dólar por ação, segundo a Thomson Reuters I/B/E/S.
A empresa espera que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado para 2018 fique entre 1,2 bilhão e 1,3 bilhão de dólares nos negócios restantes.
A cifra é inferior ao Ebitda ajustado de 1,6 bilhão de dólares em 2017, refletindo os custos corporativos mais altos projetados.
As ações chegaram a cair cerca de 5 por cento, a 47,52 dólares canadenses, atingindo o nível mais baixo desde o início de 2015 na Bolsa de Valores de Toronto.
A unidade jurídica, Legal, teve receita de 872 milhões de dólares no primeiro trimestre, um aumento de 2 por cento excluindo o câmbio. A unidade de Tax & Accounting gerou receita de 437 milhões de dólares, um aumento de 5 por cento.
A divisão Reuters News obteve 72 milhões de dólares em receita, queda de 7 por cento em relação ao ano anterior, em moeda constante.
No trimestre, o negócio de Financial & Risk - agora contabilizado como uma operação descontinuada - teve aumento de 3 por cento na receita, em moeda corrente, a 1,58 bilhão de dólares.
Sob o acordo com a Blackstone, a nova empresa Financial & Risk fará pagamentos mínimos anuais de 325 milhões de dólares à Reuters por mais de 30 anos para acessar seu serviço de notícias, o que equivale a quase 10 bilhões de dólares. Os pagamentos serão ajustados pela inflação.
A Thomson Reuters espera usar de 1 bilhão a 3 bilhões de dólares dos recursos levantados com o acordo com a Blackstone para fazer aquisições em Tax & Accounting e Legal, mas não tem planos de entrar em novos negócios, disse o presidente-executivo, Jim Smith, em entrevista, que pretende continuar na Thomson Reuters após a conclusão da venda no fim do ano.
Smith também afirmou que a companhia não está planejando atualmente um sistema de pagamento para as notícias. A rival Bloomberg anunciou no início deste mês que vai começar um sistema de pagamento para cobrar dos usuários acesso a seu conteúdo.
((Tradução Redação São Paulo, +5511 5644 7719))
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