Por Kaori Kaneko
TÓQUIO (Reuters) - O imperador Akihito delegará todas suas funções públicas a seu herdeiro depois que se aposentar, o que será a primeira abdicação ocorrida no Japão em quase dois séculos, disse o filho mais novo do monarca, reagindo aos temores de que um ex-imperador possa enfraquecer a posição de seu sucessor.
A Constituição japonesa define o imperador como um símbolo do Estado e do povo, sem poder político. Suas funções incluem cerimônias religiosas Shinto e tarefas determinadas constitucionalmente, como a abertura do Parlamento.
O reinado de 29 anos do octogenário Akihito também tem sido marcado por viagens a locais de desastres nacionais para animar os sobreviventes, e ao exterior para curar as feridas de uma guerra disputada em nome de seu pai, o imperador Hirohito, que era considerado divino até a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial.
Alguns especialistas, lembrando exemplos de ex-imperadores que continuaram influentes, revelaram o temor de que a existência do antigo monarca possa minar o status simbólico do príncipe herdeiro Naruhito.
"O imperador sempre pretendeu passar todas as suas funções públicas, incluindo atos de Estado, ao próximo imperador", afirmou o irmão caçula de Naruhito, príncipe Akishino, em comentários publicados para comemorar seu 52º aniversário nesta quinta-feira.
"Mesmo que existam preocupações sobre uma 'autoridade dupla', se essa expressão é apropriada, posso dizer claramente que é impossível", acrescentou.
Uma lei aprovada em junho permite que Akihito, que completa 84 anos em 23 de dezembro, abdique, mas os detalhes ainda têm que ser acertados.
A abdicação deve acontecer em 2019.