Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - A Usiminas (SA:USIM5) avalia que poderá fazer novos aumentos de preços de aço no Brasil após o reajuste de 12 por cento que adotará a partir de 5 de maio, disse o vice-presidente comercial da companhia, Sergio Leite, nesta segunda-feira.
Segundo o executivo, após o reajuste de maio e do aumento de 10 por cento em abril, o diferencial de preços entre o mercado interno e externo ficará ainda "levemente negativo", o que daria espaço para um novo reajuste se essa diferença se manter nos próximos meses.
Leite comentou durante teleconferência com analistas do setor que os reajustes anunciados são para o setor de distribuição, mas que a empresa vai negociar na sequência com clientes industriais a aplicação dos mesmos percentuais, com exceção de montadoras de veículos.
Os contratos com montadoras são anuais e o executivo não comentou qual o posicionamento a ser tomado pela Usiminas junto ao setor automotivo, que enfrenta há meses forte queda nas vendas de veículos no país.
Questionado sobre a sustentabilidade dos reajustes de preços, Leite comentou que a Usiminas está seguindo estratégia de se equiparar aos valores praticados nos mercados externos, mas que há risco de os preços internacionais não se manterem nos patamares atuais.
Na semana passada, a Associação de Ferro e Aço da China (Cisa) afirmou que a recente recuperação nos preços da liga será insustentável por causa do aumento de produção no país. Os preços do aço na China já acumularam alta de quase 42 por cento em 2016.
A Usiminas divulgou mais cedo nesta segunda-feira o sétimo prejuízo trimestral consecutivo, exibindo alguma melhora operacional após decidir parar de produzir aço bruto na usina de Cubatão (SP) a partir do início deste ano.
As ações preferenciais da empresa despencavam mais quase 8 por cento às 15:42, com analistas considerando que a empresa ainda tem trabalho a fazer para reverter margem operacional negativa.
A companhia investiu apenas 70 milhões de reais no primeiro trimestre, um valor que segundo o vice-presidente financeiro, Ronald Seckelmann, não deve ser considerado como base para o montante a ser aplicado pela Usiminas em todo 2016.
"No primeiro trimestre, o investimento ficou abaixo do normal e deve se recuperar nos próximos trimestres. Mas mantemos a previsão de que deve ficar na metade do que foi no ano passado", disse Seckelmann durante a teleconferência. Em 2015, o investimento da Usiminas foi de 784 milhões de reais.
No lado do minério de ferro, a Usiminas aproveitou uma "janela de oportunidade" de preços em alta do primeiro trimestre para fazer exportações de material que estava estocado. A companhia esgotou esses estoques no período, mas não pretende religar em breve alguma das três unidades de produção de minério sem que haja uma estabilidade nos preços da commodity, disse o diretor de mineração, Wilfred Bruijn.
"Temos quatro plantas de mineração e estamos operando hoje com apenas uma. Para religarmos mais uma, precisamos de estabilização dos mercados... Se os indicadores mostrarem estabilidade por um tempo longo, voltaremos a exportar", disse ele.
ASSEMBLEIA
Os analistas não questionaram os executivos da companhia sobre o andamento do processo de reestruturação financeira da empresa ou sobre o anúncio feito pela Usiminas mais cedo de que a CSN (SA:CSNA3) conseguiu autorização do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para indicar conselheiros para a assembleia na próxima quinta-feira que elegerá os membros do novo Conselho de Administração.
Seckelmann comentou apenas que o processo de reestruturação está em fase adiantada, sem entrar em detalhes.
Procurados pela Reuters, os acionistas controladores da Usiminas, grupos Techint e Nippon Steel, e o Cade não comentaram nesta segunda-feira a indicação de conselheiros pela CSN, maior acionista minoritária da Usiminas e que estava com direitos suspensos na rival desde 2012 pelo próprio Cade.
A CSN não tinha imediatamente um posicionamento sobre o assunto.
Na eleição anterior do Conselho da Usiminas, o advogado Marcelo Gasparino, indicado por acionistas minoritários, ficou com a presidência do colegiado depois que Techint e Nippon Steel não conseguiram chegar a um candidato comum.