Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - O BTG Pactual (BVMF:BPAC11) observa com bons olhos a atenção que a Vale (BVMF:VALE3) planeja direcionar para a divisão de Metais Básicos nos próximos anos, com o objetivo de atender a tendência de aumento sobre a demanda desses produtos. Apesar dos detalhes sobre como esse segmento será desenvolvido, o valor potencial que pode ser desbloqueado pela empresa é interessante, segundo o banco digital.
Às 11h50, as ações da Vale subiam 0,20%, a R$ 63,80. No mesmo horário, o Ibovespa ganhava 0,09%, a 110.861 pontos.
A visão da Vale sobre Metais Básicos foi compartilhada durante o Investor and Analyst Tour da companhia em Sudbury, Canadá.
Segundo o BTG, a administração da Vale vê a divisão de Metais Básicos como “altamente desvalorizada” pelo mercado no momento. No momento, a empresa estuda formas de destravar valor na unidade, mas ainda não decidiu o modelo.
A ideia é transformar a divisão na plataforma de crescimento da Vale, com o negócio de minério de ferro continuando a ser a “vaca leiteira” da empresa. Por um lado, o BTG aponta que a empresa precisará acelerar o Capex para suas iniciativas de crescimento em metais básicos, ao mesmo tempo que os investidores também continuarão exigindo dividendos da Vale.
“Em nossa visão, considerando um Ebitda de US$ 4,5 bilhões e um múltiplo EV/Ebitda de 7x (hipotético), o negócio de Metais Básicos seria avaliado em US$ 31,5 bilhões, com potencial de desbloquear aproximadamente US$ 15 bilhões em valor (25% do valor de mercado atual), dado o múltiplo implícito de 3,5x nas ações da Vale”, calcula o BTG.
O banco digital considera a divisão de Metais Básicos como “um ativo único no mundo, pronto para alavancar as tendências de transição energética e sendo amplamente subvalorizado pelo mercado neste momento”.
O BTG mantém a indicação de compra sobre a Vale, com preço-alvo em US$ 25 nas ADRs negociadas nos Estados Unidos.
Projeções para o mercado de Metais Básicos
A Vale estima que a demanda de níquel cresça de 4Mpta em 2021 para até 6,2Mtpa até 2030, o que será impulsionado principalmente pelo aumento na demanda de baterias para carros elétricos, crescendo a um CAGR de 24%.
Além disso, a Vale prevê um déficit relevante de 500-600ktpa nos mercados de níquel até 2030, já que não haverá oferta suficiente para atender a toda a demanda do mercado de baterias.
Sobre o crescimento de cobre, a Vale projeta que a demanda deve passar de 30Mtpa em 2021 para 37Mtpa até 2030, o que será amplamente impulsionado pelo crescimento das vendas de veículos elétricos (2021-2030 CAGR de 19,4%), mas também pelo aumento da produção de energia renovável (10% CAGR).
O déficit estimado pela Vale é de 3-4Mtpa para os mercados de cobre até 2030.
Tese de Investimentos: Vale a pena investir na Vale (VALE3)?
Guidance da Vale
Em relação às operações da Vale, o guidance da empresa aponta que a produção de níquel deverá atingir 230-245ktpa no médio prazo entre três e cinco anos, e no longo prazo, deve ficar próximo dos 300ktpa.
Os custos all-in do níquel, após os subprodutos e antes da sustentação, devem ficar em média US$ 12.300/t em 2022, mas devem cair para US$ 10.000/t no médio prazo.
Já sobre o cobre, a produção está prevista em 390-420kt no médio prazo e 900ktpa no longo prazo. Os custos all-in de cobre estão estimados em US$ 4.000/t para 2022, mas também devem cair para US$ 2.300/t no médio prazo.
Assumindo 220ktpa de produção de níquel e 420ktpa de produção de cobre, a Vale vê o Ebitda para os negócios da divisão de metais básicos variando de US$ 3,3-5,7 bilhões, com os preços do cobre variando de US$ 7.000-10.000 e níquel em US$ 18.000-20.000.