Por Alastair Macdonald e Jan Strupczewski
BRUXELAS (Reuters) - Quando Theresa May visitar Bruxelas na sexta-feira, os negociadores da União Europeia estarão atentos para sinais de que a primeira-ministra do Reino Unido está se preparando para arriscar críticas em casa e aumentar sua proposta para garantir um acordo para a desfiliação britânica do bloco, o chamado Brexit, em dezembro.
Autoridades da UE e diplomatas dos outros 27 Estados-membros envolvidos no processo esperam que, entre uma semana e 10 dias depois de se reunir com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, durante uma cúpula, May mostre avanços em três condições essenciais para que seus colegas de bloco possam iniciar uma nova fase de negociações do Brexit quando se reunirem nos dias 14 e 15 de dezembro.
"Não sei que espaço de manobra May tem, mas o que o podemos ver é uma disposição para agir", disse uma autoridade graduada da UE à Reuters. Outra autoridade falou dos esforços para acertar a "coreografia" de um acordo ao longo das três próximas semanas, incluindo um possível "relatório conjunto" do bloco e do Reino Unido sobre acordos temporários para destravar as conversas sobre o comércio.
"Sinto as placas tectônicas se mexendo agora", disse um diplomata que trata do Brexit para um governo da UE. "O tempo está acabando, e um fracasso no conselho de dezembro não serviria aos propósitos de ninguém".
Só houve um dia de conversas de alto nível entre os dois principais negociadores desde uma cúpula de meados de outubro que rejeitou o pedido de May de conversas imediatas sobre um futuro acordo comercial.
Mas as tratativas continuam acontecendo nos bastidores, dizem participantes, antes do prazo do início de dezembro para se fechar um acordo que pode ser plenamente formalizado pelos líderes dos 27 governos na cúpula.
As esperanças cresceram graças a reportagens da mídia britânica segundo as quais a premiê obteve o apoio de radicais pró-Brexit de seu gabinete para aumentar o valor de um acerto financeiro relativo ao que o Reino Unido deverá pagar ao bloco quando deixá-lo em março de 2019.
"Se houver vontade política no Reino Unido, deveremos estar prontos", disse uma autoridade de alto escalão da UE, mas alertando que nada está sendo visto como garantido.
O espaço de manobra de May para firmar um acordo que agradaria o empresariado, mas irritaria os britânicos que querem um rompimento maior com Bruxelas, é limitado – e Alemanha e França, as maiores potências do bloco, têm adotado uma postura rígida até agora.
Como a chanceler alemã, Angela Merkel, está ocupada com uma tentativa de formar uma nova coalizão de governo, May não pode contar com muita atenção sua para ajudar a acertar um pacto, disseram vários diplomatas, tornando bastante possível que dezembro termine em um impasse.