Por Naomi Tajitsu
NAGOYA, Japão (Reuters) - Diante da eventual extinção de motores a gasolina, o maior fabricante mundial de velas de ignição está voltando seu foco para um componente que acredita que será vital na próxima era dos veículos elétricos, a próxima geração de baterias de estado sólido.
A japonesa NGK Spark Plug há anos ampliou sua experiência em tecnologia de cerâmica usada em velas de ignição e a expandiu para o setor de sensores, semicondutores e outros produtos focados principalmente no mercado automotivo.
Agora, a empresa vê um futuro nas baterias de estado sólido, que os especialistas acreditam que serão mais seguras e mais poderosas do que as baterias de íons de lítio atualmente usadas em veículos elétricos.
Depois de dominar o transporte por 150 anos, o motor de combustão interna está vendo o fim da estrada nas próximas décadas, uma vez que regulamentações globais mais rígidas sobre emissões poluentes força as montadoras a desenvolver mais carros elétricos.
"Nós percebemos que era inevitável que a indústria mudasse em algum momento do motor de combustão interna para os veículos elétricos movidos a bateria e que, em última instância, isso poderá tornar nossos negócios com velas de ignição e de sensores de oxigênio obsoletos", disse Takio Kojima, diretor de engenharia e pesquisa e desenvolvimento na NGK Spark Plug.
Os especialistas da indústria antecipam que os veículos híbridos e os totalmente elétricos representarão até 26 por cento das vendas globais de automóveis até 2030, contra pouco mais de 1 por cento no ano passado, segundo dados da Agência Internacional de Energia.
Fundada em 1936 no centro automotivo do Japão, Nagoya, a NGK Spark Plug percebeu que seu principal negócio enfrentava risco de obsolescência por volta de 2010, disse Kojima. Este foi o ano em que a Nissan Motor lançou o modelo Leaf, o primeiro carro totalmente elétrico de produção em massa. Pouco depois do Leaf, a Tesla lançou o Roadster, seu primeiro carro para o mercado.
Para enfrentar essa ameaça, a NGK se aliou à Toyota, que está desenvolvendo baterias de eletrólitos baseados em sulfetos, que oferecem alta condutividade, mas podem liberar a substância tóxica sulfato de hidrogênio quando expostos à umidade.
A NGK está apostando numa tecnologia diferente, que usa química baseada em óxidos e que usa cerâmica altamente estável a temperaturas extremas, mas tem menos condutividade.
(Por Naomi Tajitsu)