Por Malathi Nayak
NOVA YORK (Reuters) - As empresas de telecomunicações no Brasil terão que fazer mudanças estratégicas dentro de pouco tempo, disse o presidente-executivo da TIM Participações, Rodrigo Abreu, alimentando expectativas de fusões que perderam força recentemente.
A TIM não está "perseguindo agressivamente" uma fusão, mas a operadora está bem posicionada para se beneficiar da consolidação do mercado, disse Abreu a analistas em Nova York.
Abreu sugeriu que o impulso para eventuais acordos viria de concorrentes como a NII Holdings, a operadora da marca Nextel que saiu da recuperação judicial, vendeu seu negócio mexicano e mudou a administração no Brasil neste ano.
"(O Brasil) tem diversos competidores que precisam decidir o que querem fazer no médio e longo prazos. Acredito que a Nextel é um deles", disse Abreu. "É uma operação pequena. Eles têm ganho espaço nas assinaturas pós-pagas, mas à custa dos resultados financeiros".
A NII Holdings, que detém menos de 1 por cento das assinaturas móveis do Brasil, tem registrado prejuízos trimestrais há mais de três anos.
Abreu também disse que a AT&T, que tem menos de 6 milhões de assinantes de TV paga no Brasil após comprar a DirecTV em julho, precisará em algum momento adicionar serviços ou deixar o país, pois sua posição estratégica atual é "insustentável".
Ele também criticou a Oi, a companhia de telecomunicações mais endividada do Brasil, que contratou o BTG Pactual (SA:BBTG11) no ano passado para estudar uma oferta conjunta pela TIM.
"Você tem um competidor que está tentando refinanciar dívidas, mas está sendo deixado para trás no 4G", disse Abreu, referindo-se à decisão da Oi no ano passado de ficar de fora de um leilão governamental do espectro de 700 MHz para banda larga móvel de quarta geração.
A Oi fornece serviço 4G com seu espectro de 2,5 GHz, mas é a única das quatro principais operadoras brasileiras que não adquiriu direitos na banda de 700 MHz, cujo custo é melhor em relação à sua eficácia nas coberturas em ambientes interiores e rurais.
Representantes da Oi e da AT&T se recusaram a comentar. O representante da NII Holdings não respondeu de imediato a um pedido de comentários.
Sobre o plano de negócios da TIM, que era o foco da apresentação desta terça-feira, Abreu disse que a operadora vai manter seu plano de investimento definido em reais, apesar da queda de mais de 30 por cento do real contra o dólar neste ano.
A TIM conseguiu renegociar termos melhores com fornecedores de equipamentos importados, mas a companhia vai cortar investimentos antes que excedam a meta de cerca de 14 bilhões de reais (3,6 bilhões de dólares) entre 2015 e 2017, disse Abreu.