Por Will Dunham
WASHINGTON (Reuters) - O gélido e distante Netuno, planeta mais externo de nosso sistema solar, está adquirindo uma reputação ainda mais enigmática, com astrônomos intrigados com uma queda surpreendente em sua temperatura atmosférica nas últimas duas décadas.
Com foco na estratosfera de Netuno --a região relativamente estável da atmosfera, acima da camada climática turbulenta-- os pesquisadores esperavam encontrar temperaturas crescentes na parte do planeta que é visível a partir da Terra no início de seu verão no hemisfério sul, uma estação que dura quatro décadas. Ao invés disso, descobriram que as temperaturas estão caindo significativamente.
O estudo foi fundamentado em mais de 95 imagens termais infravermelhas --todas as já tiradas na história-- desde 2003 a 2020, utilizando telescópios sediados no Havaí e no Chile, a maioria delas pelo Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul. É a avaliação mais abrangente até hoje das temperaturas atmosféricas de Netuno.
"A atmosfera parece mais complicada do que assumimos ingenuamente, e o que, não surpreendentemente, parece ser uma lição geral que a natureza ensina os cientistas de novo e de novo", disse Michael Roman, um pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Leicester, na Inglaterra, e principal autor do estudo publicado na segunda-feira no Plananetary Science Journal.
A temperatura da estratosfera de Netuno caiu até 8 graus Celsius para -117º C, ao longo dos 17 anos pesquisados. Em contraste, as temperaturas na troposfera de Netuno, a camada climática ainda mais fria --não mostrou variabilidade significativa, embora tenha chegado a -223ºC.
Netuno está entre os menos explorados dos oito planetas do sistema solar, já que sua grande distância dificulta a pesquisa a partir da Terra. A Voyager 2, da Nasa, é a única espaçonave a ter feito uma visita próxima, passando por Netuno em 1989.