Por Alister Doyle
OSLO (Reuters) - O acordo de paz da Colômbia com os rebeldes marxistas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) vai ajudar o país a combater o comércio de cocaína, disse o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, às vésperas de receber o Prêmio Nobel da Paz, que ele chamou de "dádiva do céu".
Em Oslo para a cerimônia de premiação de sábado, Santos disse que o fim de uma guerra de guerrilha de cinco décadas, na qual 220 mil pessoas morreram, pode ter benefícios econômicos e ambientais generalizados.
"Veio como um dádiva do céu, porque nos deu um tremendo empurrão", disse ele em uma coletiva de imprensa em referência ao Nobel anunciado em outubro, dias depois de os colombianos rejeitarem uma primeira versão do pacto de paz em um referendo que muitos disseram ser leniente demais com os rebeldes.
O prêmio ajudou a incentivar novas conversas, que levaram a um acordo revisado e assinado no mês passado pelo governo e pelas Farc, disse Santos.
O Congresso aprovou o entendimento, mas Santos desafiou os clamores da oposição por um novo referendo.
Segundo o acordo, as Farc prometeram auxiliar os fazendeiros a mudar para o cultivo de lavouras legais em áreas remotas onde Santos disse que as autoridades eram recepcionadas com "franco-atiradores e minas terrestres" quando tentavam erradicar plantações de coca.
O pacto também irá reduzir os ataques a oleodutos e permitir um controle melhor do desmatamento e da mineração ilegais.
"Existe um dividendo muito alto em termos da guerra às drogas e do meio ambiente", afirmou Santos. Apesar de décadas lutando contra a produção da droga, a Colômbia continua a ser a maior exportadora de cocaína do mundo.
O presidente defendeu o fato de os líderes das Farc não terem sido convidados para a cerimônia de premiação, na qual irá receber uma medalha de ouro, um diploma do Nobel e um cheque de 876 mil dólares.
As guerrilhas enfrentam restrições para sair da Colômbia e são listadas como terroristas em muitos países. Antes de a honraria ser anunciada, muitas pessoas pensavam que ela seria dividida entre Santos e o líder das Farc, Rodrigo Londoño.
"Eles estarão aqui em coração e espírito. Não deveria haver nenhuma apreensão pelo fato de os líderes das Farc não estarem aqui", disse Santos, acrescentando que o grupo será representado por um advogado espanhol.