YANGON (Reuters) - A destacada advogada de direitos humanos Amal Clooney se uniu à equipe legal que representa dois repórteres da Reuters presos em Mianmar, onde são acusados de possuir documentos secretos do governo, informou seu escritório nesta quinta-feira.
Um tribunal de Yangon vem realizando audiências preliminares desde janeiro para decidir se Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28 anos, serão acusados de acordo com a Lei de Segredos Oficiais da era colonial, que acarreta uma pena máxima de 14 anos de prisão.
Os jornalistas faziam uma investigação para a Reuters a respeito do assassinato de 10 muçulmanos rohingya em Rakhine, Estado do oeste de Mianmar, durante uma operação de repressão do Exército iniciada em agosto que levou quase 700 mil pessoas a fugirem para Bangladesh.
Na quarta-feira advogados dos dois repórteres pediram à corte que rejeite o caso, argumentando não haver provas suficientes para sustentar as acusações contra a dupla.
"Wa Lone e Kyaw Soe Oo estão sendo processados simplesmente porque relataram a notícia. Revisei o arquivo do caso e não há dúvida que os dois jornalistas são inocentes e devem ser libertados imediatamente", disse Amal Clooney, segundo um comunicado divulgado por seu escritório.
"O desfecho deste caso nos dirá muito sobre o compromisso de Mianmar com o Estado de Direito e a liberdade de expressão", disse Amal, esposa do ator George Clooney.
Zaw Htay, porta-voz do governo civil de Mianmar, não quis comentar.
Autoridades do governo já negaram que as prisões representam um ataque à liberdade de imprensa, que defensores de direitos humanos dizem estar cada vez mais ameaçada no país do sul asiático.