Por Parisa Hafezi
ANCARA (Reuters) - Um dos principais conselheiros do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse nesta quinta-feira que o país não irá ceder a ameaças "inúteis" de "uma pessoa inexperiente" dos Estados Unidos por conta de seu programa de mísseis balísticos.
Na quarta-feira, um assessor de segurança interna do presidente norte-americano, Donald Trump, disse que os EUA estão advertindo o Irã por causa de sua "atividade desestabilizadora" depois que a nação testou um míssil balístico.
Trump ecoou essa linguagem nesta quinta-feira, dizendo em um tuíte que "o Irã foi colocado formalmente de sobreaviso" depois de seu governo dizer que está avaliando como reagir ao lançamento, que Teerã afirma ter ocorrido somente com objetivos defensivos.
O Irã confirmou na quarta-feira ter testado o míssil balístico, mas disse que não violou o acordo nuclear firmado com potências mundiais em 2015 nem uma resolução do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em apoio ao pacto.
"Esta não é a primeira vez que uma pessoa inexperiente ameaça o Irã... o governo americano irá entender que ameaçar o Irã é inútil", disse Ali Akbar Velayati, sem identificar o funcionário especificamente em seus comentários.
"O Irã não precisa de permissão de nenhum país para se defender", disse ainda, segundo a agência de notícias semi-oficial Fars. Khamenei é a figura mais poderosa do país.
Uma autoridade dos EUA disse que a República Islâmica disparou um míssil balístico de médio alcance que explodiu depois de percorrer 1.010 quilômetros no domingo. Segundo os iranianos, o teste foi bem-sucedido.
Uma série de testes realizados pela Guarda Revolucionária do Irã em 2016 provocou temores em todo o mundo, e algumas potências disseram que qualquer lançamento de mísseis balísticos com capacidade nuclear violaria a Resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU.
A Guarda Revolucionária mantém um arsenal de dezenas de mísseis balísticos de médio e curto alcance – os maiores do Oriente Médio, de acordo com o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, sediado em Londres.
Conforme o acordo nuclear, a maioria das sanções da ONU foram suspensas um ano atrás. Mas Teerã ainda está sujeito a um embargo de armas da ONU e a outras restrições, que tecnicamente não são parte do pacto.
Trump criticou muitas vezes o acordo nuclear firmado com o Irã, que restringe suas atividades atômicas em troca de um abrandamento nas sanções, classificando o entendimento de fraco e ineficaz. Nesta quinta-feira ele tuitou que o Irã "deveria ser grato pelo acordo terrível que os EUA fizeram com eles".