Por Andrew Cawthorne
CARACAS (Reuters) - O governo socialista da Venezuela disse nesta sexta-feira que frustrou um plano de golpe nesta semana ao mesmo tempo que opositores planejavam dar sequência ao seu maior protesto em mais de uma década com novos atos de rua para exigir um referendo para remover o presidente.
Animado com as manifestações em Caracas na quinta-feira que juntaram centenas de milhares de pessoas, a coalizão opositora está planejando mais passeatas para o dia 7 de setembro para exigir um plebiscito neste ano contra o presidente Nicolás Maduro.
No entanto, com a comissão eleitoral segurando o processo e com Maduro prometendo que não haverá tal votação em 2016, é difícil ver como a oposição pode forçar a medida.
"Foi o dia que eles queriam: grande, pacífico e inspirador. Mas esse sucesso deixa uma pergunta chave no ar: ‘E agora?’”, escreveu o analista Luis Vicente León após o que a oposição chamou de “Tomada de Caracas”.
Enquanto a coalizão Unidade Democrática detalhava a sua programação de futuras ações, o governo reuniu diplomatas estrangeiros nesta sexta para mostrar como a prisão de ativistas e a apreensão de armas evidenciava planos para derrubar Maduro à força.
"Nós frustramos o pretendido golpe de Estado”, afirmou o ministro do Interior, Néstor Reverol, a diplomatas.
A ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, acrescentou: “Ontem, nós impedimos um massacre”.
Como o antecessor Hugo Chávez, Maduro com frequência denuncia planos de golpe e assassinato, provocando o desdém dos adversários, que dizem que ele inventa isso para justificar a repressão e desviar a atenção dos venezuelanos da crise econômica.
Reverol declarou que a prisão nesta semana dos ativistas da oposição Carlos Melo e Yon Goicoechea havia levado à apreensão de armas e explosivos num campo improvisado a poucos quilômetros do palácio presidencial.
As armas incluíam um rifle de franco-atirador, segundo Reverol, que mostrou fotos delas. Ele acrescentou que cinco policiais ficaram feridos em confrontos com jovens que atiravam pedras depois da manifestação de quinta.
A oposição disse que as pessoas que entraram em conflito com a polícia e com a Guarda Nacional durante um período curto em diversas partes de Caracas eram infiltrados.