Por Isaack Omulo
NGONG, Quênia, (Reuters) - O sonho de Angeline Nadai Lohalith é ver paz no Sudão do Sul para que possa representar sua terra natal devastada pela guerra na Olimpíada.
Mas Angeline irá participar da cerimônia de abertura dos Jogos Rio 2016 sob a bandeira da Equipe Olímpica de Refugiados quando os Jogos tiverem início no dia 5 de agosto.
O time de refugiados, criado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), é o primeiro do tipo e estará logo adiante do Brasil na abertura.
Cinco de seus 10 membros saíram dos campos de refugiados de Kakuma e Daadab, no norte do Quênia, e irão atuar como símbolos de esperança e chamar atenção para o sofrimento dos refugiados de todo o mundo, disse o COI.
"Daqui a alguns anos, gostarei de representar o Sudão do Sul", afirmou Angeline, que irá disputar a corrida de 1.500 metros, em uma entrevista.
"Se houvesse paz no nosso país, pelo menos os jovens poderiam ter conseguido desenvolver seus talentos e representá-lo na Olimpíada, assim como outras pessoas", disse a atleta de 22 anos.
Ela falava da Anita Children’s Home, instituição administrada pela igreja católica 20 quilômetros ao sul de Nairóbi, que se transformou no lar dos atletas desde que foram transferidos de Kakuma.
O COI deu à queniana Tegla Loroupe, lenda da maratona, a tarefa de identificar atletas talentosos e treiná-los para os Jogos.
"Não é vergonha ser chamado de refugiado", garantiu Angeline. "Posso passar ao mundo a mensagem de que os refugiados também podem fazer o que outras pessoas fazem. Eles não deveriam ser olhados com desprezo".
Seus pais, suas duas irmãs e seu irmão ainda estão no Sudão do Sul e não sabem de seu envolvimento na Rio 2016, já que ela não consegue se comunicar com eles.
Também faz parte da equipe olímpica de refugiados o judoca Popole Misenga, que deixou a violenta República Democrática do Congo e vive como um refugiado no Rio de Janeiro.