BAGDÁ (Reuters) - Militantes do Estado Islâmico assassinaram sumariamente 21 civis em Mosul nos últimos três dias, a maior parte deles acusados de colaborar com as forças do Iraque que estão atacando a cidade, afirmou uma fonte médica em Mosul.
O departamento de medicina forense da cidade foi notificado sobre as mortes, disse a fonte. Mas os corpos ainda não apareceram, diferentemente da última semana, quando 20 corpos foram deixados pendurados ao redor de Mosul em um alerta público contra a cooperação com o exército.
Enquanto isso, a Human Rights Watch disse que soldados iraquianos, milícias e civis mutilaram corpos de militantes do Estado Islâmico ao sul de Mosul.
Uma aliança de tropas, forças de segurança e milícias curdas e xiitas que soma 100 mil pessoas, apoiada por ataques aéreos da coalizão liderada pelos Estados Unidos, quase cercou Mosul, a última grande fortaleza do Estado Islâmico no Iraque.
O Estado Islâmico, que comanda Mosul desde que avançou pelo norte do Iraque em 2014, impôs uma autoridade implacável em toda a cidade, esmagando os dissidentes, matando opositores e forçando as pessoas a seguir sua interpretação estrita da lei islâmica.
Os moradores dizem que a maior parte das vítimas do EI foi jogada em grandes covas coletivas fora de Mosul porque os militantes veem os adversários como traidores que não merecem um funeral religioso. As famílias das vítimas só sabem do ocorrido por meio de listas entregues a médicos no necrotério.
A fonte médica disse que uma nova lista com 21 nomes foi entregue ao longo dos últimos dias.
Antes da campanha militar iniciada em 17 de outubro, as pessoas eram detidas e interrogadas por meses, mas agora elas são presas por pouco tempo, como duas semanas, antes de serem libertadas ou mortas-- a tiros, com a garganta cortada ou por outros métodos, disse a fonte.
Na última semana, ao menos 20 corpos de pessoas mortas pelo EI foram espalhados pela cidade, com cinco crucificados em um cruzamento, como forma de alertar os moradores sobre qualquer cooperação com os militares iraquianos.
ABUSOS EM AMBOS LADOS
Do outro lado da batalha, a Humans Rights Watch afirmou que os corpos de ao menos cinco guerreiros do Estado Islâmico foram mutilados e um militante foi executado mesmo após se render em 3 de outubro, quando os militares e milícias repeliram um ataque em Qayyara, 60 quilômetros ao sul de Mosul.
"O governo do Iraque deve controlar suas próprias forças e mantê-las responsáveis se espera se dizer moralmente superior em sua luta contra o EI", disse o vice-diretor para Oriente Médio da organização sediada em Nova York.
"A incapacidade de responsabilizar os comandantes e os que cometem abusos não é um bom presságio para a iminente batalha no interior de Mosul", completou.
O primeiro ministro Haider al-Abadi disse que alguns abusos foram casos isolados de vingança.
"Talvez alguns crimes aconteçam aqui e ali, mas eu considero isso um homicídio quando algumas pessoas se vingam por conta própria contra o Daesh (estado islâmico)", disse ele a repórteres.
A Anistia Internacional acusou na semana passada as forças iraquianas de matar e torturar civis suspeitos de laços com o Estado Islâmico ao sul de Mosul. As autoridades negaram e disseram que moradores locais, e não forças do governo, foram os responsáveis.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5644 7519)) REUTERS LC