LONDRES (Reuters) - Atualmente afastado do cargo, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, repudiou as queixas feitas pelos grandes patrocinadores do futebol relativas ao escândalo de suborno e corrupção na entidade, dizendo que têm motivação política e foram feitas por ordem dos Estados Unidos.
Blatter foi suspenso da Fifa devido a uma investigação do Departamento de Estado dos EUA sobre propinas, lavagem de dinheiro e fraude eletrônica na organização que administra o futebol mundial.
Inicialmente, o presidente de 79 anos ficaria no cargo até o ano que vem, apesar de uma série de prisões de altos dirigentes da Fifa, até que um grupo de patrocinadores de peso coordenaram pedidos para que ele deixe a função. Blatter foi afastado poucos dias mais tarde.
"São as empresas norte-americanas", disse Blatter ao jornal Financial Times em uma entrevista, em referência a companhias como Coca-Cola Co KO.N, McDonald's MCD.N, Visa V.N e Anheuser-Busch InBev ABI.BR, dona da Budweiser.
"As outras empresas não disseram nada. Então, você é inteligente o suficiente para fazer a conexão com as empresas norte-americanas e a investigação norte-americana. Não preciso enfatizar isso", afirmou.
A Fifa, que Blatter comandou durante 17 anos, está mergulhada no pior escândalo de sua história – 14 dirigentes e executivos de marketing esportivo foram indiciados pelos Estados Unidos.
Blatter e Michel Platini, presidente da Uefa, estão cumprindo suspensões de 90 dias impostas pelo Comitê de Ética da Fifa, que está analisando um pagamento de 2,03 milhões de dólares feito por Blatter a Platini em 2011, um caso que também faz parte de um inquérito criminal suíço separado.
A entrevista ao Financial Times foi a segunda que Blatter concedeu esta semana, quando também conversou com a agência de notícias russa Tass.
Naquela entrevista, Blatter revelou que havia planejado que Rússia e EUA sediassem as Copas do Mundo de 2018 e 2022.
"A solução que foi aceita, não por escrito, mas que foi aceita (na época, foi) ‘vamos para as duas superpotências na votação para a Copa do Mundo: vamos à Rússia e vamos aos Estados Unidos'", declarou ao FT.
Blatter afirmou que a decisão não foi adotada oficialmente pelo comitê executivo da Fifa, mas que foi antes um entendimento "por trás dos panos".
"Foi arranjado diplomaticamente", acrescentou.
O plano fracassou, de acordo com Blatter, quando Platini mudou de ideia e apoiou o Catar para o Mundial de 2022 por pressão de seu compatriota e então presidente francês Nicolas Sarkozy.
(Por Kate Holton) 2015-10-30T133111Z_1006920001_LYNXNPEB9T0OY_RTROPTP_1_ESPORTES-FUT-FIFA-PATROCINADORES.JPG