RIO DE JANEIRO (Reuters) - Quase 40 por cento dos brasileiros com 18 anos ou mais possuíam em 2013 ao menos uma doença crônica não transmissível, causa de 70 por cento das mortes no Brasil, mostraram dados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE nesta quarta-feira.
O levantamento realizado em 80 mil domicílios brasileiros de 1.600 cidades revelou que quase 58 milhões de brasileiros adultos (39,4 por cento) foram diagnosticados com pelo menos uma das 11 doenças consideradas crônicas não transmissíveis (DCNT), como asma, câncer, diabetes, problemas na coluna ou depressão.
As DCNT aparecem como as principais causas de 70 por cento das mortes no país, segundo dados do cadastro de mortalidade do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com o IBGE, a mais comum entre os brasileiros adultos com mais de 18 anos é a hipertensão arterial, conhecida como pressão alta. Mais de 31 milhões de pessoas já tiveram esse tipo de doença crônica diagnosticada.
As mulheres prevalecem nos diagnósticos, o que não significa necessariamente que são menos saudáveis do que os homens, mas sim que procuram mais por atendimento médico, disse o IBGE.
"As mulheres têm o hábito de buscar mais o serviço de saúde que os homens, especialmente quando o caso é a depressão. Elas têm mais facilidade em lidar e assumir questões ligadas à saúde mental que os homens", disse a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, a jornalistas.
A busca mais frequente a médicos e hábitos mais saudáveis são fatores que também explicam a maior expectativa de vida das mulheres, disse Maria Lúcia. Segundo dados do IBGE divulgados na segunda-feira, as brasileiras podem esperar viver 78,3 anos ao nascer, enquanto os homens tem uma expectativa de 71,3 anos.
"As mulheres comem melhor, fumam e bebem menos que os homens e não fazem tanto exercício no lazer, mas fazer um trabalho doméstico e ou uma faxina sabe o quanto duro é. Isso tudo pode estar ajudando as mulheres a ter uma vida mais longa", disse a pesquisadora do IBGE.
ÁLCOOL e TABACO
O levantamento do IBGE confirma que o número de fumantes vem diminuindo ao longo dos anos no país.
Em 2008, de acordo com uma compilação feita no âmbito da PNAD, 18 por cento dos adultos eram considerados usuários de tabaco, fumado ou mascado. Em 2013, esse percentual baixou para 15 por cento das pessoas com 18 anos ou mais.
Aproximadamente 12,7 por cento dos adultos eram fumantes diários, e 17,5 por cento eram ex-fumantes.
Entre os fumantes, 51,1 por cento tentaram parar de fumar nos 12 meses anteriores à entrevista. Outros 52,3 por cento dos fumantes cogitaram abandonar o hábito de fumar devido às advertências sobre os riscos do tabagismo que vêm estampadas nos maços de cigarros.
Por outro lado, o consumo de álcool continua bastante presente na sociedade brasileira.
Cerca de 1 em cada 4 adultos disse ingerir bebida alcoólica ao menos uma vez por semana. A frequência desse hábito entre os homens (36,3 por cento) é quase três vezes maior do que entre as mulheres (13 por cento).
O levantamento apontou ainda que 24,3 por cento das pessoas que bebem admitiram já ter conduzido um veículo motorizado após o consumo.
(Por Rodrigo Viga Gaier; Reportagem adicional de Felipe Pontes)