Por Tom Perry e Tom Miles
BEIRUTE/GENEBRA (Reuters) - A Rússia e um grupo de monitoramento da guerra disseram que o Exército da Síria começou a se retirar de uma estrada que conduz a Aleppo nesta quinta-feira, um prerrequisito para que se possam levar adiante os esforços internacionais de pacificação enquanto o governo e os rebeldes acusam uns aos outros de violarem uma trégua.
Mas grupos insurgentes presentes em Aleppo disseram que ainda não viram os militares se retirando da estrada de Castello, necessária para permitir a chegada de ajuda humanitária à cidade, e que não irão recuar de suas próprias posições perto da estrada até que estes o façam.
O Pentágono disse que não pode confirmar os relatos de uma retirada, mas o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Mark Toner, disse que o cessar-fogo está sendo mantido "em sua maior parte", acrescentando que tanto Washington quanto Moscou acreditam que vale a pena continuar com ele.
Mas há acusações crescentes de violações dos dois lados. Uma fonte militar síria afirmou que os rebeldes foram responsáveis por dezenas de irregularidades, incluindo o disparo de armas, foguetes e morteiros em Damasco, Aleppo, Hama, Homs e Latakia. Já os rebeldes dizem que caças do Exército da Síria bombardearam Hama e Idlib e usaram artilharia perto de Damasco.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos, que tem sede no Reino Unido, disse que documentou ataques das duas partes, e, embora tenha havido uma calma relativa na maioria das áreas, dois civis foram mortos nesta quinta-feira.
O controle da estrada de Castello está dividido entre o governo e os insurgentes que vêm lutando para depor o presidente sírio, Bashar al-Assad, há mais de cinco anos, e a rota terrestre tem sido uma frente importante na guerra.
"O Exército da Síria... começou a retirada planejada de veículos e pessoal da estrada de Castello para garantir a entrega desimpedida de ajuda humanitária ao leste de Aleppo", disse o tenente-general Vladimir Savchenko, líder do Centro de Reconciliação Russo da Síria, em comentários transmitidos pela televisão estatal.
O Observatório disse que o Exército começou a recuar de suas posições na estrada, mas que soldados da Rússia, cuja Força Aérea vem ajudando Damasco a bloquear o setor de Aleppo dominado pelos rebeldes, o substituíram.
Uma autoridade de um grupo rebelde sírio sediado em Aleppo disse no final desta quinta-feira pelo horário local que o Exército ainda não havia se retirado. "Não há retirada do regime da estrada de Castello", disse Zakaria Malahifji, do grupo Fastaqim, à Reuters.
O conselheiro humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU), Jan Egeland, disse que os rebeldes e o governo são responsáveis pelo adiamento da chegada de ajuda a Aleppo.
"A razão de não estarmos no leste de Aleppo foi novamente uma combinação de discussões muito difíceis e detalhadas sobre o monitoramento de segurança e a passagem por bloqueios de estrada, que são tanto oposição quanto governo", afirmou.