GENEBRA (Reuters) - As forças governamentais da Síria e seus aliados quase que certamente violaram o direito internacional e provavelmente cometeram crimes de guerra no mais recente bombardeio contra civis no leste de Aleppo, disse nesta quarta-feira o chefe dos direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
"O governo sírio tem uma clara responsabilidade de garantir que seu povo esteja seguro e está fracassando em aproveitar esta oportunidade para fazê-lo", disse o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al Hussein, em um comunicado.
"O governo da Síria também é obrigado pelo direito internacional a prestar assistência médica a todos os doentes e feridos, civis e combatentes igualmente", afirmou.
Ele acrescentou que ficou horrorizado que um acordo para retirar milhares de civis do leste de Aleppo parecia ter desmoronado, e disse que era escandalosamente cruel que a esperança de sobrevivência lhes tivesse sido arrancada.
Um esvaziamento dos bairros rebeldes sitiados foi anunciado na terça-feira, mas não ocorreu como planejado nesta quarta-feira, depois que o Irã, um dos principais apoiadores do presidente Bashar al-Assad, impôs novas condições, dizendo que queria que os rebeldes permitissem a retirada simultânea em duas aldeias xiitas.
Um cessar-fogo que coincidiu com a notícia do plano de retirada foi interrompido e os combates se repetiram em Aleppo nesta quarta-feira.
"Embora as razões para a ruptura do cessar-fogo sejam contestadas, a retomada do bombardeio extremamente pesado pelas forças do governo sírio e seus aliados em uma área repleta de civis é quase certamente uma violação do direito internacional e, muito provavelmente, constitui crime de guerra", disse Zeid.
"O acordo estava lá, os ônibus estavam no lugar, o primeiro comboio partiu e foi supostamente bloqueado por uma milícia pró-governo, o que é imperdoável."
(Reportagem de Tom Miles)