Por Nate Raymond
(Reuters) - Um painel judiciário federal repreendeu publicamente nesta quarta-feira um juiz de San Diego, nos Estados Unidos, por ele ter ordenado que um oficial de justiça algemasse uma garota de 13 anos para assustá-la e fazê-la não consumir drogas, evitando que ela se torne ré como seu pai.
O Conselho Judicial do 9º Circuito disse que o juiz Roger Benitez cometeu má conduta judicial durante uma audiência de fevereiro de 2023, ao adotar comportamento abusivo ou de assédio e por não ter mantido os altos padrões de conduta de um juiz federal.
Benitez argumentou que suas ações não violaram a Lei de Conduta e Incapacidade Judicial ou o Código de Conduta de juízes federais. Ele afirmou que apenas agiu com o objetivo de garantir que a filha do réu fizesse melhores escolhas no futuro.
Mas o conselho com nove membros disse que “boas intenções não desculpam sua conduta” e que uma investigação confirmou que Benitez adotou “métodos errados e inadequados que excederam a autoridade que lhe foi conferida”.
Benitez não respondeu ao pedido por comentário.
O incidente aconteceu durante uma audiência em 13 de fevereiro diante de Benitez, para revogar a liberdade condicional do pai da garota, que havia completado uma sentença de prisão de cinco anos em um caso de distribuição de drogas.
Benitez condenou o homem a mais 10 meses sob custódia por violar os termos de sua liberdade supervisionada. O réu expressou preocupação por sua filha, presente na audiência, estar andando com pessoas que poderiam “levá-la ao mesmo caminho que eu segui”.
“Você tem algemas?”, perguntou Benitez ao oficial de justiça minutos depois.
O juiz, então, instruiu o oficial a algemar a garota e colocá-la na bancada do júri.
Após permitir que ela fosse libertada, Benitez disse à garota, que estava chorando, que ela era uma “jovem garota muito bonitinha”, mas que, se não evitasse as drogas, “acabaria algemada” e “de volta onde eu a coloquei um minuto atrás”.
(Reportagem de Nate Raymond em Boston)