WEGE3: Unidade de equipamentos elétricos sustenta resultados no 3º tri, diz BB-BI
Por Christoph Steitz
FRANKFURT (Reuters) - A construtora de navios de guerra TKMS aproveitou o boom global do setor militar para atingir uma avaliação de 5,15 bilhões de euros na estreia de suas ações no mercado nesta segunda-feira, cerca de duas vezes mais do que os analistas esperavam.
A listagem da TKMS é a mais recente iniciativa do conglomerado alemão Thyssenkrupp para simplificar sua estrutura e aproveitar a crescente demanda por ativos militares.
A Thyssenkrupp vai manter uma participação de 51% na TKMS após a cisão.
Com sede na cidade portuária de Kiel, no norte da Alemanha, no Mar Báltico, a TKMS, que tem origem 187 anos atrás, é a maior construtora de submarinos e fragatas não nucleares do mundo. A divisão Atlas Electronics também produz tecnologia subaquática, incluindo sistemas de varredura de minas.
GASTOS COM "DEFESA"
As ações da TKMS fecharam a 81,1 euros, depois de terem subido até 107 euros. Analistas esperavam que a cisão pudesse avaliar a empresa entre 2,3 bilhões e 2,7 bilhões de euros.
"A carteira de pedidos cheia e a excelente posição no mercado resultaram em um alto nível de confiança dos investidores em relação ao crescimento e à lucratividade futuros", disse Christof Muerb, diretor administrativo do Deutsche Bank, um dos consultores financeiros da cisão.
De modo geral, os acionistas da Thyssenkrupp, que receberam uma ação da TKMS para cada 20 ações que possuíam da empresa controladora, viram o valor de seus investimentos aumentar em 14% em comparação com o preço de fechamento da Thyssenkrupp na sexta-feira.
A demanda por equipamentos militares disparou como resultado da guerra na Ucrânia e da subsequente pressão dos EUA sobre a Europa para reforçar sua capacidade bélica.
A carteira de pedidos da TKMS mais do que triplicou nos últimos cinco anos, chegando a 18,6 bilhões de euros em junho de 2025.
ACESSO AOS MERCADOS FINANCEIROS
"Precisamos de mais flexibilidade (...) à luz das crescentes tensões geopolíticas", disse o presidente-executivo da TKMS, Oliver Burkhard, pouco antes do início da negociação das ações.
Burkhard disse que iria ao Canadá nesta segunda-feira, ao lado do Ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, na esperança de garantir um importante pedido de submarino para o qual a empresa foi recentemente selecionada.
A empresa também está pronta para participar do programa de fragatas F127 da marinha alemã e está negociando um contrato de submarino com o governo indiano.
"Com a expectativa de que os orçamentos de defesa nos principais mercados mais do que dobrem, a TKMS está bem posicionada para o crescimento", disse MWB Research. A meta de crescimento de médio prazo do grupo parece subestimada, disse a MWB, uma vez que os orçamentos de compras da Otan e da União Europeia foram projetados para crescer mais de 170% até 2030.
A listagem permite que a TKMS financie aquisições na consolidação do setor militar da Europa e lhe dá "graus adicionais de liberdade", disse Miguel Lopez, presidente-executivo da controladora Thyssenkrupp.
A TKMS, que emprega mais de 9.100 funcionários em todo o mundo, realizou no mês passado seu primeiro dia de mercado de capitais, apresentando metas de margem que, segundo alguns investidores, não eram suficientemente ambiciosas quando comparadas às de rivais, como a britânica BAE, a alemã NVL e o francês Naval Group.
A empresa que mais tarde se tornaria a TKMS começou a fabricar motores a vapor e vagões de trem no início do século XIX e, mais tarde, construiu o primeiro submarino da Alemanha, o chamado Brandtaucher, quando o país buscava competir melhor com a marinha da Dinamarca.
Falando na estreia em Frankfurt, Lopez disse à Reuters que a Thyssenkrupp está em intensas discussões com a indiana Jindal Steel International sobre a venda da divisão siderúrgica do grupo.
"Veremos o resultado que teremos nos próximos meses", disse ele.