BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autorizou a criação da CPI do BNDES nesta sexta-feira, mesmo dia em que anunciou seu rompimento "pessoal" com o governo da presidente Dilma Rousseff.
Outras três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI)tiveram suas criações autorizadas nesta sexta, mas uma delas, a que trata dos fundos de pensão, só deve ser efetivamente criada no dia 7 de agosto.
Tanto a criação da CPI do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), quanto a dos fundos de pensão desagradam o Palácio do Planalto.
Cunha anunciou nesta manhã seu rompimento com o governo, após identificar o que acredita ser uma "devassa fiscal" e um dia depois da divulgação de depoimento do empresário Julio Camargo, um dos delatores da operação Lava Jato, afirmando que o deputado pediu 5 milhões de dólares em propina a ele.
O presidente da Câmara viu nesses dois episódios uma tentativa do governo de constrangê-lo.
Ao anunciar a ruptura, Cunha negou que sua decisão pessoal tenha influência no seu papel institucional como presidente da Câmara.
À tarde, em sessão solene da Câmara, Cunha leu os requerimentos de criação de CPIs para apurar irregularidades em empréstimos do BNDES, maus tratos de animais e crimes cibernéticos.
A CPI para investigar fundos de previdência de estatais também foi autorizada, mas só poderá ser efetivamente criada no dia 7 de agosto, quando se encerra uma outra CPI já em funcionamento na Casa.
Pelas regras da Câmara, só podem funcionar, ao mesmo tempo, cinco CPIs -- duas já estão trabalhando, a da Petrobras (SA:PETR4) e a do Sistema Carcerário, esta última, com encerramento previsto para o dia 6 de agosto.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)