BEIRUTE (Reuters) - Batalhas dentro e no entorno da cidade síria de Aleppo mataram pelo menos 70 combatentes pró-governo e mais de 80 insurgentes depois que o Exército lançou uma ofensiva na área, afirmou um grupo de monitoramento do conflito nesta quarta-feira.
O Exército, apoiado por uma milícia aliada, tinha capturado áreas ao norte de Aleppo na terça-feira, em uma ação que o Observatório Sírio para os Direitos Humanos disse ter sido uma tentativa de cercar a cidade, situada no norte do país, e cortar as linhas de abastecimento dos insurgentes.
Aleppo está na linha de frente dos confrontos entre o Exército e um grande número de grupos insurgentes, incluindo brigadas islâmicas, a Frente Nusra – braço da Al Qaeda na Síria - e organizações apoiados pelo Ocidente que tentam derrubar o presidente Bashar al-Assad.
A ONU está buscando firmar um cessar-fogo no país, um passo no sentido de resolver a guerra civil na Síria, prestes a entrar em seu quinto ano.
O avanço sobre Aleppo é a segunda grande ofensiva das forças pró-governo em uma semana. Combatentes do Exército e aliados do grupo libanês Hezbollah também lançaram um ataque em grande escala no sul da Síria contra os insurgentes.
Na quarta-feira a principal via de ligação entre Aleppo e o norte, na direção da fronteira turca, foi bloqueada e esteve sob ataque de forças pró-governo, disse o fundador do Observatório, Rami Abdulrahman.
"O regime avançou um pouco ontem, e a estrada ainda está fechada", disse ele. O Exército estava controlando a rota a partir de posições que estabeleceu nas aldeias de Bashkuwi e Sifat na terça-feira - afirmou -, de cada lado da estrada.
Os insurgentes poderiam usar outra rota para o norte, mas isso significaria seguir para o noroeste da cidade e contornar áreas controladas pelos militares antes de se dirigir para o norte novamente. "É o caminho mais longo", afirmou.
Abdulrahman, acrescentando que mau tempo impediu os bombardeios da Força Aérea síria nesta quarta-feira, mas os combates continuavam.
Segundo ele, as baixas do lado do governo poderão ser maiores, porque 25 de seus combatentes estão desaparecidos. Um total de 66 insurgentes sírios de vários grupos morreu nos combates, sendo pelo menos 20 de Nusra Frente.
Os combate também se estenderam por vários bairros da cidade de Aleppo na terça-feira, segundo a agência estatal de notícias da Síria, a Sana, segundo a qual o Exército ocupou pelo menos seis aldeias perto de Aleppo nesse dia.
O enviado das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura, declarou na terça-feira que o governo estava disposto a suspender os ataques aéreos e bombardeios em Aleppo por seis semanas para que um plano de cessar-fogo local pudesse ser testado. Mas ele minimizou as perspectivas de um progresso mais amplo.
"Toda vez que há uma proposta de cessar-fogo ... a história tem provado que existe algum tipo de aceleração (do conflito), a fim de assumirem melhor posição", disse ele. "Temo que poderia ser o caso."
O conflito sírio começou em 2011, com protestos contra Assad, e acabou por se transformar em uma guerra civil, envolvendo combatentes estrangeiros em ambos os lados.
(Reportagem de Sylvia Westall)