Por Roberta Rampton e Idrees Ali
WASHINGTON (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aproveitaram uma reunião oficial na Casa Branca nesta terça-feira para virar a página do escândalo de espionagem que abalou as relações bilaterais e disseram que querem impulsionar os laços econômicos.
Os presidentes entraram em acordo em uma série de passos para facilitar que pessoas e bens transitem entre os dois países, incluindo a reabertura da comercialização de carne não processada.
Durante entrevista coletiva de 1 hora, Dilma disse que "algumas coisas mudaram" desde outubro de 2013, quando ela cancelou uma visita de Estado oficial depois das revelações do ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional norte-americana Edward Snowden de que os EUA haviam espionado suas comunicações e de outros brasileiros.
"A mudança se deve ao fato do presidente Obama e o governo dos Estados Unidos terem declarado, em várias oportunidades, que não teriam mais atos que seriam de intrusão em países amigos. Eu acredito no presidente Obama", disse.
Obama cumprimentou Dilma com um caloroso abraço quando ela chegou a Washington na segunda-feira, e a levou para uma visita inesperada ao memorial em homenagem ao líder dos direitos civis Martin Luther King Jr. antes de um jantar oficial.
Obama elogiou o Brasil durante a entrevista coletiva desta terça-feira, referindo-se ao país como uma "potência global" e um "parceiro indispensável" que desempenha um papel fundamental no combate às mudanças climáticas, com um acordo para aumentar a produção de energia renovável.
Sobre Dilma, Obama disse: "Acredito nela completamente... Ela sempre foi muito sincera e franca comigo sobre os interesses do povo brasileiro e como podemos trabalhar juntos. Ela cumpriu o que prometeu."
Os dois presidentes concordaram que Brasil e EUA retomarão a cooperação sobre questões cibernéticas e planejaram uma reunião em Brasília.
Eles também concordaram em tomar medidas para que norte-americanos e brasileiros possam viajar entre os dois países sem vistos e para autorizar brasileiros a se candidatarem para a "Entrada Global" quando visitarem os EUA já a partir do início de 2016.
Dilma prometeu que o Brasil vai "superar" sua atual crise e retomar o crescimento e disse que quer atrair mais investimentos dos EUA para o país e financiamento para projetos de infraestrutura.
Mais tarde, a presidente disse que quer abrir a economia do país, durante um discurso no encerramento da cúpula empresarial Brasil-EUA. O país tem uma das economias mais fechadas do mundo por causa de altas tarifas de importação e outras barreiras comerciais. O governo está trabalhando para melhorar o clima de negócios e simplificar seu código tributário, acrescentou.
Dilma e Obama concordaram ainda em cooperar na área de registros de patentes e sistemas de normas técnicas e também em reconhecer contribuições previdenciárias feitas por seus cidadãos tanto no Brasil como nos EUA.
Depois de Washington, Dilma seguirá para o Vale do Silício para se reunir com executivos do Google, Apple e Facebook.
(Reportagem de Lindsay Dunsmuir, Jeff Mason, Julia Edwards, Emily Stephenson e Susan Heavey)